Pr. Isaltino Gomes
Coelho Filho
Domingo passado, findo o culto, o
alarido habitual no gabinete pastoral. Entra gente, sai gente, crianças pegando
o “bombons” (como chamam as balas doces, aqui no Amapá) e adultos batendo papo.
Meacir estava preocupada com uma nova convertida, com filho de colo um pouco
pesado, que mora a onze quadras da igreja e faria o percurso a pé, no calor
macapaense. Perguntou a um casal motorizado se o caminho deles era o da nova
crente. Pensou obter-lhe uma carona, já que iríamos a outro lugar. Algumas
vezes a levamos, mas tínhamos outro itinerário.
A resposta da irmã consultada foi
memorável: “O caminho é a senhora que faz!”. Fosse preciso levar alguém, o
casal levaria, mesmo saindo de sua rota. Era só dizer qual era o caminho, que
eles levariam a jovem mãe com o filho. Uma resposta tão simples, mas por trás
dela, a compreensão de muitas verdades.
A primeira é que estamos na igreja
para servir uns aos outros. Por que deixar uma jovem mãe levar um filho no colo
sob o calor daqui, quando há tanta gente com carro? Sair de uma rota por
quinhentos, seiscentos metros, não seria um prejuízo tão grande. Uma pessoa da
igreja seria servida!
A segunda é que Deus nos dá recursos
para que os usemos na sua obra. Muita gente põe um adesivo no carro: “Presente
de Deus”. Nada nosso é presente de Deus. Tudo é dele, porque somos dele. E
usamos para nós e para o serviço dele.
A terceira é a humildade da pessoa
consultada. A consulta não soou um incômodo, mas como uma oportunidade de fazer
alguma coisa, e com alegria se pôs à disposição. Faria o necessário. Com
prazer.
A quarta é que o casal tem filhos.
Não pensou que eles tinham que ir logo para casa, mas envolveu toda a família
no serviço a alguém. Ensinou aos filhos que a vida cristã é utilidade.
Muita gente não entendeu a beleza da
vida cristã e é apenas um membro de igreja com vida espiritual mais seca que
bacalhau de mercado. Gente que quer receber e quer ser paparicada na igreja: “O
caminho sou eu que faço”. Ou seja, as coisas devem convergir em sua direção
para seu benefício. Lembro-me de um crente, numa igreja que pastoreei, que se
sentava atrás de uma coluna, para eu não vê-lo, e na segunda-feira me ligava
para saber se eu sentira sua falta. Pode uma coisa dessas?
“O caminho é a senhora que faz” foi
uma das frases mais bonitas que ouvi como pastor. O que a irmã disse foi isto:
“Diga-me o que eu devo fazer!”. Ela entendeu a vida cristã! Não porque obedeceu
à minha esposa, mas porque viu na sua consulta a oportunidade de servir a
alguém.
Falando nisto: quem é que faz seu
caminho?
SERVIR, ser solidário! Essa era uma característica típica do povo de Deus, hoje começa a escassear…Hoje todos temos carro, todos temos uma boa casa, cada vez menos perguntamos “O que posso fazer por você?” e não conseguimos mais identificar situações onde nossa ajuda faria toda a diferença. Seria bom que visitássemos igrejas mais humildes, onde o que pouco tem dá ao que nada tem. Ou bastaria olhar com mais atenção dentro do nosso templo mesmo. Sempre tem alguém precisando de alguma coisa: Uma palavra. Roupa. Comida. Amizade. Tempo. Jesus disse os pobres (em todos os sentidos) estariam sempre entre nós. Aqui mesmo na Europa as únicas igrejas que não definharam foram as que souberam dar acolhida aos imigrantes, aos pobres, ao “diferente”.
ResponderExcluirObrigada por compartilhar o texto!
Frase brilhante!!!
ResponderExcluirEste texto nos faz repensar nossas atitudes, pois às vezes somos tão egoístas... Se queremos um mundo melhor,temos que ser a mudança!!