terça-feira, 18 de março de 2014
sábado, 15 de março de 2014
Quando chega a hora de cortar o orçamento - Parte I
Por
Francisco Ferraz. Publicado em 17/01/2014 no sitio eletrônico de Política para
Políticos.
Há momentos em que é preciso “cortar” o
orçamento e inibir despesas para “fechar as contas”. Este é sempre um momento
difícil para o administrador. Cortar o orçamento é obviamente muito mais difícil
do que incrementá-lo. Muitas vezes os cortes precisam ser feitos durante um
período de crise, ou imediatamente antes da crise se instalar. Nestas
situações, a análise feita é inevitavelmente menos detalhada e minuciosa do que
aquela que foi realizada quando se produziu
o orçamento.
Além disso, cortar implica em afetar a vidas
das pessoas dentro e fora da
administração: empregos, projetos, prestígio, necessidades básicas, redução da
prestação de serviços etc.
O desgaste político, então, é inevitável, a
imagem pública sofre, e explicações são exigidas. Por isso, é fundamental
conhecer as verdadeiras razões que tornaram o corte necessário, para adotar as
medidas corretas, na quantidade certa, de forma a evitar, de um lado, a prática de uma “mutilação” desnecessária do
orçamento, e de outro, cortes que se revelem insuficientes. É preciso encontrar
a medida exata para corrigir o problema.
Rever estimativas de
receitas
Algumas vezes ocorre que os administradores
fazem cortes expressivos nos programas, sem antes rever as estimativas de
receita que haviam sido projetadas. Pode acontecer que, as estimativas de
despesas foram previstas corretamente, mas as de receita foram calculadas de
forma conservadora, abaixo do seu real comportamento. Nestes casos, os cortes
poderão se revelar desnecessários. Uma revisão mais realista da receita pode
restabelecer o equilíbrio orçamentário.
Esta hipótese não é desprezível. Muitas vezes
os funcionários fazem estimativas de receita “a menor” para se garantir. A
censura por não alcançar a receita estimada é sempre muito mais grave do que
por excedê-la. Sobretudo a imprensa, raramente critica estimativas
conservadoras.
Ajuste(rightsizing)
não é o mesmo que redução(downsizing)
A redução generalizada de despesas
(downsizing) é uma forma de equilibrar o orçamento num período de crise,
procedendo a cortes generalizados. A idéia é que o mesmo pacote de serviços
continue sendo provido, embora com menos recursos. Em geral nestas situações,
cada departamento ou setor da administração sofre o mesmo percentual de corte.
Supõe-se que a crise é passageira, e que tão logo seja superada, as despesas
voltem ao padrão anterior.
O ajuste (rightsizing) por outro lado,
implica numa análise mais qualitativa da situação. Alcança-se a meta quantitativa da redução, deslocando
recursos entre os programas, de acordo com critérios qualitativos. Assim,
programas considerados prioritários são mantidos nos mesmos níveis,
“financiados” com os recursos liberados pelo corte de programas menos prioritários.
Outra forma de praticar o ajuste é a revisão mais rigorosa da estrutura da
administração, aglutinando órgãos assemelhados, extinguindo outros,
descontinuando alguns tipos de serviços.
O principio básico do “rightsizing” é que a
crise enseja a oportunidade de fazer mudanças de longo prazo, alterações
recomendadas e que se consideram permanentes. Trata-se pois de uma ação mais
estratégica, e não meramente quantitativa.
Embora os dois conceitos sejam diferentes,
eles não são mutuamente excludentes. Muitas vezes faz-se primeiro a redução
indiscriminada (downsizing) para depois, passados alguns meses, proceder ao
ajuste (rightsizing); outras vezes praticam-se os dois simultâneamente.
É aconselhável encarar a crise e a
necessidade de fazer cortes no orçamento como uma oportunidade e não como uma
catástrofe
É sempre aconselhável encarar a crise e a
necessidade de fazer cortes no orçamento, como uma oportunidade e não como uma
catástrofe. Situações excepcionais legitimam medidas excepcionais e que
habitualmente são proteladas. Você pode, então, aproveitar a crise para fazer
aquelas reformas que tornarão sua estrutura mais ágil e mais moderna.
A própria gravidade da situação desarma
grande parte das resistências que normalmente você encontraria, e retira delas
a legitimidade que porventura tenham conseguido adquirir.
Diante de crises as
pessoas aceitam que os governantes sejam mais agressivos, que se antecipem ao
seu agravamento, que tomem decisões mais duras e até mais antipáticas. Neste
sentido, a crise funciona como um escudo para proteger o governante, pelo menos
em parte, dos inevitáveis desgastes políticos de suas decisões.
sexta-feira, 14 de março de 2014
Aos que desejam estudar economia
Por Hugo Eduardo Meza Pinto e Marcus Eduardo de Oliveira*
Alan
Greenspan (ex-presidente do Banco Central dos Estados Unidos), Peter Druker
(guru da Administração), Philip Kotler (guru dos Negócios Empresariais), Kofi
Anan (ex-Secretário Geral da ONU), Mick Jagger (astro pop do rock), Arnold
Schwarzenegger (ator e ex-governador da Califórnia), Ivan Zurita (presidente da
Nestlé), Roger Agneli (presidente da Vale) e Bernardinho (técnico de vôlei da
Seleção Brasileira). Essas personalidades listadas acima têm algo em comum:
todos eles, sem exceção, passaram por uma faculdade de Economia.
Apesar
de não exercerem a profissão de economista, certamente eles utilizaram e ainda
utilizam alguns dos conceitos da ciência econômica em suas vidas profissionais
ou mesmo pessoais.
Qual
o motivo de comentarmos isso? Durante os últimos anos tem-se falado de maneira
generalizada em Economia (enquanto ciência), principalmente sobre alguns dos
conceitos que envolve este ramo do conhecimento.
Atualmente,
percebe-se uma tendência em discutir conceitos econômicos na sociedade. Muito
se fala, por exemplo, na importância da chamada Educação Financeira.
Nesse
pormenor, já há estudos que apontam para a viabilidade de inserir conceitos
sobre educação financeira na grade curricular do ensino médio. Nessa mesma
linha, é comum presenciarmos em programas de TV e rádio alguém se dedicando aos
diversos assuntos do universo da Economia. Não por acaso, sempre aparece
especialistas no assunto, falando em tom de conselhos.
Diante
disso, uma pergunta se faz oportuna: Como explicar a diminuição de demanda de
estudantes pelo curso de Economia no Brasil, e em alguns outros lugares do
mundo? A Associação Nacional dos Cursos de Graduação em Economia (Anges) aponta
para essa diminuição desde a década de 1980. Corrobora para isso os dados
apresentados pelo Censo da Educação Superior Brasileira do Ministério da
Educação (MEC) mostrando que somente 3,2% do total de matrículas, no Brasil,
são do curso de Economia.
Nos
Estados brasileiros há uma tendência dramática da diminuição de vagas
preenchida para a graduação em Economia, quer seja em instituição privada ou
nas universidades públicas e federais.
Talvez
uma das razões disso seja o fato dos próprios economistas pecarem muito ao se
apresentarem dando tons demasiadamente teóricos; pouco compreensíveis,
portanto, para os não familiarizados com os jargões econômicos.
Não
por acaso, nós economistas, “inventamos” até mesmo um linguajar complexo e
sofisticado ("economês") na tentativa de explicar os fatos. É a
linguagem tecnicista e rebarbativa, sibilina, por conceito, que, na verdade,
mais atrapalha que ajuda as pessoas na compreensão dos problemas econômicos.
Para
complicar ainda mais a pouca compreensão do público em geral, nós economistas
acreditamos piamente no uso de modelos matemáticos para explicar quase tudo,
como se as relações sociais e econômicas fossem previsivelmente exatas e,
ademais, como se a vida de todos nós se resumisse a números, taxas e índices.
Ora,
isto mostra, na essência, a frieza de uma ciência que, ao contrário, tem um
lado de estudo muito humano, voltado a entender a sociedade em suas múltiplas
manifestações, principalmente no aspecto social, mas que, por não raras vezes
acaba “camuflado” nas análises pouco assimiláveis da matemática.
No
entanto, ao insistirmos em teorizar de forma estritamente acadêmica e, por
vezes, pouco popular, criamos com isso uma espécie de ranço na aceitação social
que prejudica, sobremaneira, a imagem do profissional economista. Não raro,
esses profissionais são muitas vezes vistos como arautos do apocalipse; ou o
que é pior: de estimuladores e entendidos apenas de crise, de geração de caos,
de confusão.
Uma
segunda questão – que se alinha a primeira - sobre a dificuldade em angariar
novos interessados em estudar Economia recai na pouca familiaridade em tentar
explicar para a sociedade o campo de atuação do economista.
Por
vezes, não somos claros em explicar que este profissional pode ocupar espaços
em atividades públicas e privadas; dada a abrangência de conhecimentos sólidos
que um curso de economia fornece. Esta abrangência somente é possível por se
tratar de uma formação sólida que não se limita a dados técnicos, mas que
abrange a discussão dos processos históricos e sociais que construíram o
pensamento econômico desde os escritos seminais dos clássicos ingleses.
Conquanto,
nunca é tarde para se promover mudanças. O momento que se apresenta é muito propício
para tentar recuperar o interesse pelo estudo das Ciências Econômicas. A nossa
profissão de economista no Brasil tem pouco mais de 60 anos de existência,
desde o reconhecimento formal, regulamentada pela Lei n° 1.411, de 13 de agosto
de 1951.
No
entanto, nessas seis décadas, poucos foram os momentos em que professores,
conselheiros, profissionais da área e estudantes se reuniram para discutir os
caminhos, os valores, a missão, o propósito e a atuação do economista no
exercício de suas atividades.
Excetuando-se
os congressos e encontros profissionais realizados, são raros os momentos de
profunda reflexão em torno do objetivo de orientar os jovens futuros
economistas sobre o modo de atuar e, mais que isso, sobre como a Economia –
tanto na teoria, quanto na prática – age e influencia no cotidiano das pessoas.
Outro
fito de nossas palavras aqui está, justamente, em poder, de alguma maneira,
contribuir para a orientação futura do jovem estudante de Economia, visando
também resgatar as demandas verificadas no passado, quando se formavam muitos e
muitos economistas.
Para
isso, nos sentimos encorajados a esboçar algumas linhas direcionadas
especificamente ao debate sobre a atuação e o papel do economista em nossa
sociedade. Desnecessário afirmar, contudo, que não nos apresentamos aqui como
conselheiros e/ou donos da verdade; não temos a prerrogativa do tom
professoral.
É
oportuno reiterar, contudo, que apenas desejamos, tão somente, contribuir para
o aprofundamento de temas que cercam a natureza da ciência econômica no que
toca a discorrer sobre os propósitos mais interessantes dessa ciência – para
aquilo que se convenciona entender ser, de fato e de direito, uma boa e
adequada maneira de “fazer economia”. O que mais queremos é que aumente o
interesse pelo curso superior em Ciências Econômicas.
No
sentido de discutir os propósitos da economia, um primeiro ponto a ser
ressaltado é que o economista que constrói hipóteses deve, obrigatoriamente, a
seguir, confrontar seus modelos com a realidade social.
Somente
o mundo real poderá validar ou não suas ideias. É imprescindível não perder de
vista que os modelos da economia são imperfeitos; sua verificação é
aproximativa. A realidade social - em todas as suas manifestações - é passível
de soluções econômicas.
Por
sinal, todo problema social exige, como contrapartida, uma solução econômica.
Dessa constatação emerge afirmarmos que a economia precisa, para ser aceita
definitivamente como uma ciência capaz de promover boas ações, colocar o
progresso a serviço dos mais pobres.
Talvez
o principal papel da economia seja o de ser uma ferramenta construtiva capaz de
“esboçar” uma sociedade mais bem estruturada social e economicamente. Para
isto, não se deve perder de vista que atualmente um terço da humanidade
continua mergulhado na miséria. E cabe à ciência econômica, à sua maneira,
priorizar e combater as questões sociais mais agudas, tal qual a miséria que
vitima milhões de pessoas todos os anos, todos os dias, a cada hora.
Por
isso entendemos que o desenvolvimento econômico, objetivo tão caro aos valores
sociais, quando proferido e ensinado pela economia em suas bases conceituais,
só faz sentido se levar bem-estar (qualidade de vida) aos que mais sofrem.
Gandhi,
uma das almas mais brilhantes que já pisou no planeta Terra, a esse respeito
disse que “o desenvolvimento seria bom e justo somente se elevasse a condição
dos mais necessitados”.
Estamos
convencidos que os jovens futuros economistas precisam, nesse pormenor, ao se
lançarem na busca do equilíbrio econômico-social, encarar que a justiça social
é um imperativo que deve predominar sobre a produção.
O
“mundo da economia” não deve, pois, ser reduzido, quase que exclusivamente, à
condição de mercado, muito menos de mercadoria. Antes disto, é fundamental que
todos tenham noção que existe algo de mais valioso que cerca a economia: a vida
humana.
Aos
jovens futuros economistas em processo de graduação, e aos que desejam se
inscrever num curso superior, recomenda-se que não se recusem ao exercício de
ver a sociedade tal qual (e como) ela é.
Se
os economistas de hoje, de ontem e, espera-se que os do amanhã, têm uma função
a cumprir na sociedade, entendemos que essa é, essencialmente, a de se envolver
no processo de transformação econômica e social.
Cristovam
Buarque, engenheiro de formação e economista por opção do doutorado, diz
brilhantemente que “não faz sentido ser economista se não for para lutar contra
a fome e a pobreza que marca a vida de muitos brasileiros”.
Entendemos
que o futuro economista deve, caso concorde com essa premissa e se predisponha
a lutar por uma sociedade de iguais, ter clara a ideia central que a economia
precisa ser inclusiva.
Definitivamente,
a economia não funciona sem a inclusão das pessoas por um motivo bem simplista:
ela – a ciência econômica - é feita pelos homens e para os homens. Por fim,
reitera-se que entendemos por inclusão uma vida sem dificuldades básicas; antes
disso, uma vida de acesso e de oportunidades e critérios iguais, sem
diferenciação de classe, cor, sexo e condição financeira.
Concordamos
plenamente que a finalidade do economista e a da ciência econômica seria aquilo
que Carl Menger, em seu tempo, argumentou: “a economia precisa satisfazer as
necessidades humanas”.
Detalhe:
não estamos nos referindo ao conspícuo. Estamos nos referindo, apenas, as ditas
e conhecidas necessidades básicas: comer, se vestir, se abrigar, trabalhar,
buscar a todo instante ser feliz.
A
você, caro estudante que deseja ingressar no curso de Economia, sinta-se tocado
no seguinte aspecto: esta ciência tem todas as ferramentas para ajudar no seu
progresso e, especialmente, no progresso da sociedade.
Contamos
contigo, caro estudante de economia, para a consolidação dessa árdua tarefa.
Assim como a Economia (enquanto ciência) precisa de você, você também precisa
da Economia (enquanto atividade) para fazer avançar a qualidade de vida de todos.
O desafio está lançado. Venha estudar Economia!
Podemos
lhes garantir que vale a pena estudar economia. A maioria dos economistas que
sentem nas veias essa profissão não titubeia em afirmar isso. Venha estudar
Economia e ajude-nos a pensar o Brasil.
(*)
Hugo Eduardo Meza Pinto é economista, Doutor pela (USP). É Diretor Geral das
Faculdades Integradas Santa Cruz de Curitiba - Brasil. meza@santacruz.br
Marcus
Eduardo de Oliveira é economista, mestre pela (USP), professor de Economia da
FAC-FITO / UNIFIEO (S. Paulo - Brasil) - prof.marcuseduardo@bol.com.brOrçamento x Democracia
Relatório
do Senador Francisco Dornelles a propostas de Senadores (Tasso Jereissati à
frente), na CAE do Senado: a tramitação pode ser acompanhada em: http://bit.ly/MD0oOa. Ele tem destacado que:
orçamento é um dos pilares da democracia, há séculos. O Brasil é democrático,
mas não se preocupa em atualizar lei que regula o orçamento. Projeto foi objeto
de matéria de Ribamar Oliveira, no Valor (19/06/2012) "Projeto padroniza
processo orçamentário",http://bit.ly/1i9bOZD e do Editorial do Estadão
(20/06/2012) "Projeto no Senado melhora o processo orçamentário" http://bit.ly/MoE0pU
50 Anos da Lei Geral dos Orçamentos
50
Anos da Lei Geral dos orçamentos - Lei 4320 de 17/3/1964 evento promovido pelo
IDP e FGVProjetos em comemoração aos 50 anos da lei que regula o processo orçamentário, contábil e a
administração financeira e patrimonial dos governos brasileiros. A abertura do
evento será realizada pelo Ministro Gilmar Mendes e contará com a participação
de diversos especialistas e autoridades, em Brasília, no dia 18 de março, pela
manhã. O evento será transmitido em tempo real pela internet.
Verificar em: http://bit.ly/1iienZS
quinta-feira, 13 de março de 2014
O escândalo político: o ponto alto da política espetáculo
Publicado
originalmente no sitio eletrônico de Política para Políticos em 22/01/2014
Por Francisco Ferraz
As
denúncias e acusações de ilegalidades e corrupção, que com tanta frequência são
divulgadas pelos veículos de comunicação, trouxeram novamente para o primeiro
plano a temática do escândalo político.
Mais uma vez são gravações, documentos,
declarações e fotos os elementosque determinam o grau de gravidade dos fatos e,
se eles possuem combustível suficiente, para criar um escândalo político.
Sem elementos factuais que ensejem uma forte
desconfiança sobre a culpabilidade dos acusados, dificilmente um escândalo
político toma corpo. É esta desconfiança que atrai a curiosidade dos
leitores/expectadores e o interesse dos veículos de comunicação.
A política então, como é praticada pelos
políticos e relatada pelos jornais, revistas e TV, adotou as características de
um grande espetáculo, no qual o escândalo tornou-se o seu programa de maior
atração.
Dentre os desastres que podem atingir um
homem público, o escândalo é um dos acontecimentos mais temidos, pelos seus
efeitos letais para a carreira
política. Nada apavora mais um político
do que ver-se subitamente às voltas com um escândalo. Sim, subitamente, pois é normalmente dessa
forma que o escândalo político faz a sua aparição.
O escândalo atinge diretamente a sua
reputação e imagem e se constitui numa ameaça muito real de destruição de
ambos.
Escândalo político, entretanto tornou-se um
conceito próprio do mundo da política. Assim, nem tudo que é escandaloso
classifica-se como escândalo político.
Escândalo não é o mesmo que denúncia; também
não se aplica o conceito a fatos negativos mas que são considerados pelo
eleitor como de pouca relevância; ou a fatos que são percebidos como
escandalosos por um segmento limitado de pessoas; ou ainda que não demandem uma
ação corretiva ou punitiva da parte de órgãos políticos ou do judiciário; ou
enfim que não ganhem uma expressiva exposição pública pela mídia.
Escândalo político, neste contexto, é a
revelação de atos, fatos ou declarações comprometedores, apoiados em indícios
e/ou elementos de prova parciais, configurando uma forte suspeita de
ilegalidade ou imoralidade que, pelas declarações dos adversários e pelo tipo
de cobertura da mídia, criam uma imediata presunção de culpabilidade.
Como na política, a percepção é mais
importante que a realidade, os indivíduos tendem a julgar e fazer suas escolhas
pelo que percebem. Daí a conhecida expressão que é uma lei para os políticos:
seja, mas também pareça.
A reputação de um político, portanto,
constrói-se, em grande medida sobre aparências, embora, se estas aparências não
estiverem lastreadas numa razoável base de veracidade, elas tendem a ser, mais
cedo ou mais tarde, desmascaradas.
Por isso, o significado da frase citada
precisa ser completado com a outra
frase: pareça, mas também seja.
Desta forma o escândalo, tornado pauta
obrigatória da mídia, em razão do interesse garantido do leitor/expectador,
leva os jornalistas a se desdobrarem na busca de mais elementos sobre as
acusações, em torno da pista que foi deixada pela denúncia inicial, e a
veiculá-los com destaque.
Surge assim, em toda a sua dimensão o
escândalo, e com ele o estigma que se associa à imagem e reputação do homem
público, e pelo qual passará a ser identificado.
Por essas razões, o escândalo é tão temido.
A reputação é importante lembrar, pertence ao
mundo das percepções e não da realidade. Por isso ela pertence aos outros e não
ao político e, por isso ele pode perdê-la.
Não há como sair de um escândalo ganhando, ou
mesmo incólume, depois que a mídia decide dar-lhe cobertura privilegiada, e os
adversários – externos e internos - dele se aproveitam por óbvias razões políticas.
O objetivo dos
políticos ao lidar com o escândalo, não é portanto necessariamente vencê-lo, e
sim sobreviver a ele nas melhores condições possíveis, dentro das
circunstâncias.
TCE realizará auditoria operacional na segurança pública do Pará
O
Pleno do Tribunal de Contas do Estado do Pará deliberou pela realização de uma
auditoria operacional na segurança pública do estado do Pará. Considero tal
medida importantíssima, pois com este procedimento será possível identificar os
principais problemas na prestação dos serviços de segurança pública. Bem
utilizada, esta auditoria pode ajudar a tomada de decisão dos gestores no que
tange a melhoria das ações e correção de rumos.
quarta-feira, 12 de março de 2014
Artigo: Gestão Pública Brasileira – Fernando Abrucio
Recomendo a leitura do artigo Trajetória recente da gestão pública brasileira: um
balanço crítico e a renovação da agenda de reformas de Fernando Luiz Abrucio. "Este artigo reconstitui, em
linhas gerais, a trajetória da administração pública brasileira nos últimos 20
anos, analisando tanto os principais avanços e novidades, quanto os erros de
condução das reformas e os problemas de gestão que ainda persistem..."
Verificar
em: http://bit.ly/1itfngo
terça-feira, 11 de março de 2014
Como planejar sua campanha para reeleição ao Legislativo
Por Francisco Ferraz - Publicado originalmente no sitio eletrônico
de Políticas para Políticos em 14/01/2014
As eleições para os cargos
legislativos no Brasil ocorrem em condições mais incertas do que a disputa para
os cargos nos executivos. Uma eleição para os executivos ocorre por meio da
fórmula majoritária em dois turnos.
Os prefeitos, governadores e
presidentes elegem-se a partir da obtenção da maioria dos votos, e podem contar
com uma gama de recursos incomensuravelmente superior aos recursos disponíveis
para os candidatos a vereador, deputado estadual ou federal.
Dentre tais recursos cabe
destacar o tempo muitíssimo maior nos horários
gratuitos de rádio e TV, de exposição na mídia, além das pesquisas de intenção
de voto, que muitas vezes são divulgadas pela imprensa sem custos para
candidatos e partidos.
Para as eleições
legislativas o Brasil adota o sistema
proporcional de lista aberta. Nesse sistema os partidos políticos não possuem
nenhum mecanismo para controlar a distribuição das cadeiras conquistadas entre
os candidatos.
A fórmula eleitoral é
chamada de lista aberta porque a posição do candidato na lista depende exclusivamente
da sua votação pessoal e da transferência dos votos de outros candidatos com
menor votação do mesmo partido ou de um partido coligado.
Os candidatos que recebem
mais votos individuais, obviamente são os que têm mais chances de serem eleitos
ou reeleitos.
A disputa pelo primeiro mandato
Por incrível que pareça, as
chances de quem disputa o primeiro mandato e de quem já ocupa uma cadeira no
legislativo não são tão diferentes quanto possa parecer.
A conseqüência desse
fenômeno é que, a cada eleição ingressam nos legislativos um grande número de
novatos que tomam o lugar dos parlamentares mais antigos.
Para que se tenha uma idéia
do quanto isso representa em termos numéricos, as pesquisas acadêmicas na área
de ciência política mostram que entre 1945 e1998 ataxa de renovação da Câmara
dos Deputados oscilava entre 35% a 40%.
De outra parte, enquanto os
candidatos aos cargos executivos precisam conquistar votos em todas regiões e
segmentos do eleitorado, os que disputam uma vaga no legislativo podem
dirigir-se a segmentos sociais, categorias profissionais ou regiões
especificas.
Em outras palavras, os
candidatos aos legislativos podem apresentar-se aos eleitores como
representantes autênticos do grupo, ou dos grupos aos que se propõe
representar.
Para tanto, a estratégia de
campanha deve estar direcionada para os segmentos que potencialmente podem se
sentir identificados com a proposta e o
candidato.
Os roteiros, as visitas, o
material gráfico, os discursos, enfim todas atividades de campanha devem
concentrar esforços no sentido de convencer os eleitores de que o candidato
vai trabalhar dia e noite na defesa dos
interesses dos seus eleitores no parlamento.
A
busca da reeleição no parlamento
A rotina no interior do
parlamento, muitas vezes, afasta o parlamentar de seus eleitores e aqui entram
dois complicadores a mais. O
primeiro é que, quanto mais elevado for o âmbito do legislativo, maior é a distância
em relação à respectiva base eleitoral, e o segundo é que os cargos de maior
visibilidade pública são também os mais disputados no interior do parlamento.
O âmbito do legislativo está
diretamente relacionado com a proximidade geográfica do parlamentar com os
eleitores. Assim, por exemplo, um vereador tem seu eleitorado localizado no seu
município o que facilita o contato “corpo a corpo”.
Já os deputados estaduais e
os deputados federais são eleitos por eleitores de todo seu estado, o que exige
um amplo roteiro de viagens, e com o agravante de que no caso dos deputados
federais a sede do parlamento é em Brasília, portanto, fora do estado.
A ocupação de postos no
interior do parlamento como mesa diretora, presidência de comissões, liderança
de bancada, liderança de governo, etc, pode garantir alguns espaços na mídia, o
que torna o parlamentar, uma figura pública mais visível e transmite para os
eleitores a imagem do político que trabalha.
Embora escassos, esses
postos representam uma estratégia disponível para a minoria marcar sua
presença.
Para a maioria dos
parlamentares, que não têm acesso a esses postos nem a exposição na mídia, a
busca da reeleição deve ser feita através de uma estratégia de constituição de
uma rede permanente de contato a fim de divulgar seu trabalho e dirigir sua
mensagem na campanha eleitoral.
Os principais componentes
dessa estratégia de busca da reeleição são:
- foco de ação e público
alvo
- rede de contato e
estratégia de comunicação
- roteiro de visitas.
Foco
de ação e público alvo
Certamente você foi eleito
com base em alguma proposta, seja em que área for. A partir dessa área você deve focalizar sua
atuação na Casa Legislativa. Assim, por exemplo, se você é médico deve procurar
fazer parte da comissão de saúde pública.
Mesmo sem conseguir aprovar
projetos, você pode protocolá-los e divulgá-los
para o público interessado.
Rede
de contatos
Definido o foco de ação e o
público alvo, você deve montar uma rede de contatos com pessoas que tenham
alguma ligação com o tema de sua ação no parlamento.
Com o desenvolvimento das
redes sociais na internet (Facebook p.ex.) a criação de redes ficou facilitada
para os usuários da web. Com a rede de contato montada, sua estratégia de
comunicação deve mantê-la viva e em crescimento, para aproximar os potenciais
eleitores do seu trabalho e dos seus projetos.
A internet e o correio
eletrônico (e-mail) são ferramentas ágeis e baratas de comunicação o que faz
com que a criação de um site pessoal ou de um Blog, e uma boa lista de pessoas
para receber e-mails com “noticias do mandato” seja uma estratégia de
comunicação cada vez mais útil. Todavia nem todos os seus eleitores têm acesso
a Internet. Neste caso, a utilização
de material impresso e do correio tradicional ainda são úteis ferramentas.
Por fim, o roteiro de
visitas é um elemento essencial na estratégia de reeleição. Como diz a
sabedoria popular “Quem não é visto, não é lembrado”. Traduzindo isso do ponto
de vista de uma estratégia para a reeleição, significa que nada substitui a
presença física do parlamentar junto aos eleitores.
Mas para que sua presença
física tenha o impacto desejado, são
necessários roteiros bem traçados e encontros bem preparados.
O planejamento do roteiro de
“visitas às bases” precisa levar em conta visitas periódicas, durante o
mandato, aos mesmos locais para que não se crie a imagem do político que só
aparece no momento de pedir voto.
Nesse sentido, as datas
comemorativas, de caráter religioso ou não, são boas oportunidades para que os
parlamentares sejam vistos. Além das datas comemorativas é importante aceitar
certos convites para festas de casamento, aniversários, pois estas sempre são
oportunidades para conversar com eleitores e pessoas que possam ser futuros
cabos eleitorais.
Governo Dilma e o desempenho da economia brasileira: Mediocridade esférica
Recomendo
a leitura do artigo “Governo Dilma e o desempenho da economia brasileira:
Mediocridade esférica” do economista Reinaldo Gonçalves (UFRJ). "Nunca
antes na história desse país, os ricos mandaram tanto capital para o exterior -
algumas dezenas de milhares de brasileiros, de gente rica e muito rica. Por
outro lado, no que se refere ao povo, às massas, não há as alternativas de
sonegação, corrupção, enriquecimento ilícito, lavagem de dinheiro, fuga de
capitais e proteção frente ao risco-Brasil e ao Desenvolvimento às
Avessas..."
segunda-feira, 10 de março de 2014
Palestra: Pará Estratégico - uma agenda para o desenvolvimento estadual
Acontecerá no próximo dia 17 de março, no Auditório B do ICED/UFPA às 18h30min, a aula
inaugural da Faculdade de Economia da UFPA com o tema “Pará Estratégico - uma
agenda para o desenvolvimento estadual”, a ser ministrada pela Dra. Maria Amélia Rodrigues da Silva Enriquez.
Curso: Curso Licitações – Pregão Eletrônico e Presencial
O
Conselho Regional de Economia do Pará (CORECON-PA) realizará no próximo dia 25
de março o Curso Licitações – Pregão Eletrônico e Presencial. Maiores informações
podem ser obtidas no link: http://www.coreconpara.org.br/curso_capacitacao_pregoeiros.php
sexta-feira, 7 de março de 2014
Corecon-Pa realizará 5ª edição do “Dialogando”
“Emprego
e renda: impactos na economia paraense” é o tema escolhido para a 5ª edição do
Dialogando Economia com a Sociedade, que acontece no dia 11 de março, a partir
das 19h, no auditório do Conselho Regional de Economia do Pará. O debate
contará com a presença de um representante da Secretaria de Estado de Trabalho,
Emprego e Renda, do supervisor técnico do Dieese Roberto Sena e do professor
universitário José Stênio. Entre os assuntos que devem ser abordados, merece
destaque o cenário atual da geração de emprego e renda no Pará, o modelo
econômico do Estado, os indicativos para o desenvolvimento local, entre outras
temáticas de interesse social.
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