O Conselho Regional de Economia do Estado do Pará (CORECON-PA) vem por meio desta nota pública repudiar a forma como o Consórcio Construtor da Usina Hidrelétrica de Belo Monte vem tratando a sociedade paraense. Entendemos a importância que a expansão da produção de energia elétrica representa para a construção de uma trajetória sustentada de crescimento econômico do Brasil. Todavia, referido projeto precisa, ao mesmo tempo em que é positivo para o país, se consolidar como um instrumento de desenvolvimento do Estado do Pará. Nosso Estado não suporta mais ser tratado como simples “almoxarifado” de insumos para o desenvolvimento do Brasil, sem no entanto, ser recompensado com parcela deste desenvolvimento. Não aceitamos mais a implantação em nosso estado de enclaves que muito pouco contribuem para a melhoria da condição de vida de nossa população. Ficamos apenas com o ônus da mitigação dos impactos sociais e ambientais sem uma devida compensação financeira. O mínimo que se espera de um grande projeto como Belo Monte é que este se consolide como um efetivo instrumento de indução do desenvolvimento local e estadual. Entretanto, a insistência do Consórcio, sem justificativa plausível, de comprar bens e contratar serviços em outros estados, deixando de dar a devida compensação na forma de recolhimento de tributos ao estado do Pará, materializa-se como mais um desrespeito ao povo do Estado do Pará, desrespeito este que a categoria profissional dos economistas jamais aceitará. Desta forma, exigimos publicamente que o Consórcio de Belo Monte mude as suas práticas e altere a forma como vem tratando a sociedade paraense.
As empresas que estão fornecendo tais insumos também devem compor o mesmo grupo que apoiaram/apoiam os políticos da alta-cúpula governamental em períodos eleitoral. Isso fecha a sensação que tenho de que vivemos em um país onde o metacapitalismo já está em vias de consolidação. Nem os mais competitivos empreendimentos paraenses serão páreos. Salvo autorização governamental. Assim, se me permitem, é ao governo que se deve endereçar tal nota de repúdio, e não ao consórcio do empreendimento de Belo Monte. Abraços.
ResponderExcluir