Hoje
a minha cidade natal comemora mais um ano de fundação. Como todo aniversário,
deve ser uma data comemorativa. Contudo, não podemos perder a oportunidade da
reflexão. Belém do Pará, que há cem anos era relatada pelos viajantes como uma
cidade moderna, influenciada pelo Ciclo da Borracha, despontava com uma
infraestrutura urbana sem igual no país. Fomos vanguarda em temos de
planejamento urbano, iluminação pública, transporte urbano coletivo, saneamento
urbano, sem falar na pujança cultural cujo símbolo passou a ser o nosso Teatro da
Paz.
Porém,
como resultado de uma elite econômica e administrativa de pouca visão, fomos
ficando para trás ao longo dos anos. Hoje, nos temas que há cem anos éramos referências
em termos de modernidade, somos referência em termos de atraso, descaso e
ausência de visão pública de planejamento e gestão.
Sei que
o que vou dizer é forte. Mas não posso me escusar. Depois de alguns anos de
reflexão e análise, continuo afirmando que falta por parte de nossa elite
dirigente, política e econômica, visão estratégica, capacidade de planejamento
e gestão e, acima de tudo, compromisso com o coletivo e com os mais carentes. Todavia, o povo não pode ser visto como uma
vítima deste processo. O povo é cúmplice, principalmente porque elege
recorrentemente os mesmos representantes.
Não
resta dúvida de que o povo de Belém de uma forma dicotômica é a sua principal
virtude e o seu principal problema. Não há no Brasil, quiçá no mundo, um povo
tão hospitaleiro, afetivo, amigo, aberto, gostoso, como o povo de Belém do
Pará. Lamentavelmente este mesmo povo está deixando muito a desejar em termos
de participação cívica, controle social e maturidade democrática. Os
representantes políticos democraticamente eleitos são reflexos de uma
sociedade. Logo, se queremos mudar os nossos políticos, precisamos começar
mudando a sociedade, o povo.
Que
nesta data comemorativa fique esta reflexão. Parabéns Belém do Pará!
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