sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Juros altos, política econômica e uma breve reflexão


Com o tempo passamos a observar que há um ciclo da taxa básica de juros no Brasil. Sempre que as eleições presidenciais se aproximam o terrorismo com a aceleração da inflação aumenta e o Banco Central adota medidas de política monetária restritiva, começando com a elevação da taxa básica de juros. Agora em janeiro o Comitê de Política Monetária (COPOM) elevou, conforme figura a baixo, para 10,5% a.a. a Taxa Selic. Novos aumentos virão com o objetivo de conter o crédito e freiar o consumo.
 
Apesar de ser formado em economia, com especialização, mestrado e doutorado na área acho que não entendo nada mesmo da matéria. Na minha leitura, completamente diferente do mainstream propagado na academia, nas mídias e defendido pela ortodoxia econômica, que lamentavelmente pauta grande parte das decisões da área fiscal e monetária do Governo Federal, continuamos equivocados nesta lógica. A ortodoxia defende um ataque pelo lado da demanda: aumento dos juros, restrição do crédito, do consumo e dos investimentos, diminuição da demanda efetiva e diminuição da pressão inflacionária. Quem ganha com isto? Certamente o mercado financeiro (forte financiador das campanhas eleitorais). Quem perde? A população com a diminuição do crescimento econômico e com as restrições de acesso ao consumo.
De outro lado, não sendo exaustivo, enxergo que o caminho, ou melhor a política deveria ser inversa. Em vez de diminuir a demanda, deveríamos estar incentivando é a oferta, ou seja, o setor produtivo, gerando emprego, renda, e estimulando o crescimento econômico. Se há aumento de preços por excesso de demanda, em vez de diminuir a demanda, deveríamos estimular a oferta. Mas aí a política deveria ser completamente inversa: diminuição dos juros, incentivo a produção, diminuição da carga tributária, melhoria nos sistemas de infraestrutura e logística, diminuição do “Custo Brasil”, diminuição dos entraves burocráticos para o setor privado e elaboração de verdadeiras políticas voltadas para o desenvolvimento e fortalecimento do setor produtivo. Quem ganha? O Brasil. Quem perde? Uma pequena elite parasitária que aprendeu a usufruir do mercado financeiro.
Observação para alguns incautos estudantes e economistas fissurados em modelos acadêmicos e amantes da ortodoxia. Já é ponto pacífico que para a aceleração do crescimento econômico é necessária certa conivência, ao menos no curto prazo, com aumentos da taxa inflacionária.
Para longe desta visão conjunturalista, e das hegemônicas, mas pobres, análises hidráulicas do sobe e desce de variáveis, deveríamos estar discutindo questões estruturais e o nosso Projeto de Nação.  
Ultima recomendação aos jovens e futuros economistas: em nossas análise precisamos sair do baixo economicismo acadêmico, de modelos dos manuais, e entendermos que a economia é verdadeiramente uma ciência política na sua concepção ampla.

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