Com o tempo passamos a observar que há um
ciclo da taxa básica de juros no Brasil. Sempre que as eleições presidenciais
se aproximam o terrorismo com a aceleração da inflação aumenta e o Banco
Central adota medidas de política monetária restritiva, começando com a
elevação da taxa básica de juros. Agora em janeiro o Comitê de Política
Monetária (COPOM) elevou, conforme figura a baixo, para 10,5% a.a. a Taxa
Selic. Novos aumentos virão com o objetivo de conter o crédito e freiar o
consumo.
Apesar de ser formado em economia, com
especialização, mestrado e doutorado na área acho que não entendo nada mesmo da
matéria. Na minha leitura, completamente diferente do mainstream propagado na academia, nas mídias e defendido pela
ortodoxia econômica, que lamentavelmente pauta grande parte das decisões da
área fiscal e monetária do Governo Federal, continuamos equivocados nesta
lógica. A ortodoxia defende um ataque pelo lado da demanda: aumento dos juros, restrição
do crédito, do consumo e dos investimentos, diminuição da demanda efetiva e
diminuição da pressão inflacionária. Quem ganha com isto? Certamente o mercado
financeiro (forte financiador das campanhas eleitorais). Quem perde? A população
com a diminuição do crescimento econômico e com as restrições de acesso ao
consumo.
De outro lado, não sendo exaustivo, enxergo
que o caminho, ou melhor a política deveria ser inversa. Em vez de diminuir a
demanda, deveríamos estar incentivando é a oferta, ou seja, o setor produtivo,
gerando emprego, renda, e estimulando o crescimento econômico. Se há aumento de
preços por excesso de demanda, em vez de diminuir a demanda, deveríamos estimular
a oferta. Mas aí a política deveria ser completamente inversa: diminuição dos
juros, incentivo a produção, diminuição da carga tributária, melhoria nos
sistemas de infraestrutura e logística, diminuição do “Custo Brasil”,
diminuição dos entraves burocráticos para o setor privado e elaboração de
verdadeiras políticas voltadas para o desenvolvimento e fortalecimento do setor
produtivo. Quem ganha? O Brasil. Quem perde? Uma pequena elite parasitária que
aprendeu a usufruir do mercado financeiro.
Observação para alguns incautos estudantes e
economistas fissurados em modelos acadêmicos e amantes da ortodoxia. Já é ponto
pacífico que para a aceleração do crescimento econômico é necessária certa
conivência, ao menos no curto prazo, com aumentos da taxa inflacionária.
Para longe desta visão conjunturalista, e das
hegemônicas, mas pobres, análises hidráulicas do sobe e desce de variáveis,
deveríamos estar discutindo questões estruturais e o nosso Projeto de Nação.
Ultima recomendação aos jovens e futuros
economistas: em nossas análise precisamos sair do baixo economicismo acadêmico,
de modelos dos manuais, e entendermos que a economia é verdadeiramente uma
ciência política na sua concepção ampla.
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