segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Sobre o lucro da Vale e a sua colônia, o estado do Pará

Na semana passada a empresa Vale divulgou o seu fantástico desempenho no ano de 2011. Gerou um lucro no ano em torno de R$ 40 bilhões e de acordo com regras contábeis adotadas nos Estados Unidos (US GAAP) obteve uma receita operacional de US$ 60,4 bilhões e um lucro líquido da ordem de US$ 22,8 bilhões. A Vale vem consolidando recordes após recordes. Somente em termos de exportação de minério de ferro e pelotas, na qual o estado do Pará possui as suas principais plantas operacionais, no ano de 2011 foram exportadas mais de 300 milhões de toneladas.
Não resta dúvida de que a Vale se consolidou ano passado como a maior empresa privada brasileira e uma das maiores do mundo. Estes dados, entretanto, nos fazem novamente refletir sobre velhas questões. A pergunta central é: qual o retorno social que tais empreendimentos têm deixado nos seus locais de exploração?
Hoje não resta dúvida que o estado do Pará é o principal pólo produtor de minério da Vale. Contraditoriamente a empresa continua mantendo uma postura capitalista selvagem no estado. Faz muito pouco em termos sociais e gasta muito em campanhas publicitárias procurando dar muita visibilidade ao pouco que faz. Basta visitar os municípios que sofrem influência direta e indireta de seus empreendimentos que a olho nu é possível questionar este modelo de desenvolvimento. Quem já foi em Parauabebas, Canaã dos Carajás, Marabá, dentre outras cidades, sabe do que estou falando.
  Quando eu leio notícias coma esta me sinto literalmente “assaltado”. Exatamente! Sabemos que as riquezas minerais são de propriedade da União, portanto, de todos nós brasileiros. Já as empresas mineradoras recebem concessão pública para explorar as nossas riquezas, e o seu fantástico desempenho decorre da exploração e exportação em larga escala do que nos pertence, sem uma devida compensação ambiental, social ou financeira.
A exploração dos recursos minerais é finita. Após “sugar” todas as nossas riquezas o que restará? Buracos, pobreza ou miséria como na Serra do Navio no Amapá? Um simples dado assusta qualquer um. Como pode uma empresa ter um lucro líquido de mais de US$ 22 bilhões e o estado colônia desta empresa, o Pará, não ter US$ 400 milhões para investir em políticas públicas (saúde, educação, segurança pública, saneamento...) para os seus mais de 7,5 milhões de habitantes.
Ademais, como pode uma empresa com este desempenho pagar menos imposto que médias redes de supermercados locais? Levantamentos preliminares apontam que esta grande empresa em termos econômicos – porém pequena em termos sociais – deixou nos cofres públicos algo em torno de R$ 600 milhões, parte destes recursos contestados judicialmente. Há um grande descompasso nisto. Alguma coisa está errada. Limito-me aqui apenas a externar estas contradições sem tecer maiores juízos de valor. Deixo para os leitores esta tarefa...



Ps.: Precisamos lutar contra a Lei Kandir e pelo aumento nas compensações financeiras pela exploração mineral.

2 comentários:

  1. É uma vergonha para o Brasil. Eu sinto vergonha por brasileiros como eu terem deixado chegar a esse ponto, com a privatização, essas isenções de impostos...quem perde é o povo paraense.

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  2. Enquanto isso Parauabebas é o 2o municipio que mais exporta no Brasil (R$ 9.7 Bilhões) Fonte Secex

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