terça-feira, 10 de setembro de 2013

CBE: Economistas aprovam Carta de Manaus


Durante a plenária de encerramento do XX Congresso Brasileiro de Economia, foi aprovada por unanimidade a Carta de Manaus. Entre as recomendações expressas no documento estão a necessidade de criar métodos para mensurar os ativos naturais, o estímulo à utilização de insumos renováveis, a necessidade de encontrar modos de produção mais sustentáveis para setores da economia que geram riqueza mas têm grande impacto no meio ambiente e a necessidade de reduzir as desigualdades regionais. Leia nesta nota a íntegra do documento.

 

Carta de Manaus – 2013
 
Com o tema “Economia verde, desenvolvimento e mudanças econômicas globais”, o evento reuniu, em Manaus-Amazonas, de 04 a 06 de setembro de 2013, em torno de 1.200 economistas, estudantes de economia, pesquisadores, conselheiros do COFECON, presidentes e representantes dos CORECONs, bem como grandes nomes nacionais e internacionais da temática econômica, oportunidade em que foram discutidas formas de medir a sustentabilidade da economia, a reestruturação produtiva global motivada por condicionantes ambientais, as transformações em curso no ambiente das empresas buscando processos fabris mais sustentáveis, as mudanças econômicas promovidas pelas crises e rearranjos das lógicas nos negócios internacionais, os rumos do desenvolvimento do Brasil, com ênfase nas desigualdades regionais e o panorama do empreendedorismo no Brasil e das dinâmicas da economia criativa como frentes de vanguarda da realidade econômica brasileira.

Uma agenda extensa, relevante e contemporânea, discutida por 28 palestrantes ilustres, pelos autores de 66 trabalhos científicos e por congressistas vindos de todo o Brasil, ávidos e participantes, que não se afastaram das sessões até suas finalizações.

Na percepção geral, colhida das manifestações espontâneas, o evento ultrapassou as expectativas e colocou, com seu êxito, novos patamares para serem tomados em conta nos próximos CBEs.

Entre os aspectos relevantes que se tornaram evidentes nas discussões, sobretudo nos painéis temáticos, destacam-se:

1- A necessidade de se ter métodos e métricas adequadas para medir o peso material da economia sobre o ambiente, bem como, para mensurar os ativos naturais e suas depreciações;

2- A urgência em se ter políticas que estimulem dinâmicas econômicas fundamentadas em insumos renováveis e que estejam em consonância com as iniciativas de grande escala apoiadas ou conduzidas pelas agências multilaterais;

3- A imperiosidade das empresas tomarem em conta, como oportunidade estratégica, as demandas por produtos e processos mais sustentáveis continuamente reiterados pela sociedade, formada, cada vez mais, por consumidores conscientes e articulados;

4- A demanda por atenção para setores potenciais geradores de riqueza mas também de efeitos nocivos para o ambiente, como soem ser o mineral e o energético, a fim de que a sociedade continue a contar com suas possibilidades produtivas, devidamente fundamentadas em modos de produção mais sustentáveis;

5- A necessidade das autoridades públicas brasileiras terem em conta as grandes oportunidades que a economia nacional experimenta, com cenários oportunos para tornar-se desenvolvida e mais justa, porém permeadas de obstáculos como aqueles advindos da insuficiente infra-estrutura, da carência educacional em níveis qualificados, da complexidade jurídica para advento e manutenção de empreendimentos privados, do continuo desgaste das representações políticas e outros;

6- A urgência de políticas públicas capazes de diminuir as grandes desigualdades entre as regiões, tendo em vista a necessidade de melhorar as condições de vida dos habitantes das mais carentes, como Norte e Nordeste. Nesse sentido, torna-se imperioso fortalecer e aperfeiçoar as dinâmicas econômicas centrais dos estados dessas regiões, como o Polo Industrial de Manaus, o qual, ademais, tem destacado papel na conservação ambiental na Amazônia Ocidental;

7- A relevância de se fortalecer e ampliar o papel estratégico do empreendedorismo de todas as formas, especialmente, aquelas focadas em negócios ambientais e tecnológicos, bem como, os que decorrem da chamada economia criativa.

Tais questões, distantes de representarem retórica subjetiva de finais de congresso, expressam demandas que requerem consideração em qualquer formulação de rumos estratégicos para o desenvolvimento econômico de base mais sustentável, há muito reclamado pela sociedade brasileira.

Por fim, resta destacar, que a escolha de Manaus para sediar o XX CBE 2013, uma cidade que exubera em seus arredores a mais lídima expressão da Amazônia, expressou bem o tema central do evento. Nessa cidade, às margens do portentoso Rio Negro, os congressistas puderam perceber o quanto é urgente encontrarmos caminhos capazes de aportar riqueza para as nações, qualidade de vida para as pessoas, sem entretanto, dilapidarmos o capital natural do planeta ou destruirmos os santuários da vida da nossa casa comum.

 

Manaus, 06 de setembro de 2013.

Sessão Plenária do XX Congresso Brasileiro de Economia 2013.

 

Escrito por Manoel Castanho

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