Durante a plenária de
encerramento do XX Congresso Brasileiro de Economia, foi aprovada por
unanimidade a Carta de Manaus. Entre as recomendações expressas no documento
estão a necessidade de criar métodos para mensurar os ativos naturais, o
estímulo à utilização de insumos renováveis, a necessidade de encontrar modos
de produção mais sustentáveis para setores da economia que geram riqueza mas
têm grande impacto no meio ambiente e a necessidade de reduzir as desigualdades
regionais. Leia nesta nota a íntegra do documento.
Carta
de Manaus – 2013
Com
o tema “Economia verde, desenvolvimento e mudanças econômicas globais”, o
evento reuniu, em Manaus-Amazonas, de 04 a 06 de setembro de 2013, em torno de
1.200 economistas, estudantes de economia, pesquisadores, conselheiros do
COFECON, presidentes e representantes dos CORECONs, bem como grandes nomes
nacionais e internacionais da temática econômica, oportunidade em que foram
discutidas formas de medir a sustentabilidade da economia, a reestruturação
produtiva global motivada por condicionantes ambientais, as transformações em
curso no ambiente das empresas buscando processos fabris mais sustentáveis, as
mudanças econômicas promovidas pelas crises e rearranjos das lógicas nos
negócios internacionais, os rumos do desenvolvimento do Brasil, com ênfase nas
desigualdades regionais e o panorama do empreendedorismo no Brasil e das
dinâmicas da economia criativa como frentes de vanguarda da realidade econômica
brasileira.
Uma
agenda extensa, relevante e contemporânea, discutida por 28 palestrantes
ilustres, pelos autores de 66 trabalhos científicos e por congressistas vindos
de todo o Brasil, ávidos e participantes, que não se afastaram das sessões até
suas finalizações.
Na
percepção geral, colhida das manifestações espontâneas, o evento ultrapassou as
expectativas e colocou, com seu êxito, novos patamares para serem tomados em
conta nos próximos CBEs.
Entre
os aspectos relevantes que se tornaram evidentes nas discussões, sobretudo nos
painéis temáticos, destacam-se:
1-
A necessidade de se ter métodos e métricas adequadas para medir o peso material
da economia sobre o ambiente, bem como, para mensurar os ativos naturais e suas
depreciações;
2-
A urgência em se ter políticas que estimulem dinâmicas econômicas fundamentadas
em insumos renováveis e que estejam em consonância com as iniciativas de grande
escala apoiadas ou conduzidas pelas agências multilaterais;
3-
A imperiosidade das empresas tomarem em conta, como oportunidade estratégica,
as demandas por produtos e processos mais sustentáveis continuamente reiterados
pela sociedade, formada, cada vez mais, por consumidores conscientes e
articulados;
4-
A demanda por atenção para setores potenciais geradores de riqueza mas também
de efeitos nocivos para o ambiente, como soem ser o mineral e o energético, a
fim de que a sociedade continue a contar com suas possibilidades produtivas,
devidamente fundamentadas em modos de produção mais sustentáveis;
5-
A necessidade das autoridades públicas brasileiras terem em conta as grandes
oportunidades que a economia nacional experimenta, com cenários oportunos para
tornar-se desenvolvida e mais justa, porém permeadas de obstáculos como aqueles
advindos da insuficiente infra-estrutura, da carência educacional em níveis
qualificados, da complexidade jurídica para advento e manutenção de
empreendimentos privados, do continuo desgaste das representações políticas e
outros;
6-
A urgência de políticas públicas capazes de diminuir as grandes desigualdades
entre as regiões, tendo em vista a necessidade de melhorar as condições de vida
dos habitantes das mais carentes, como Norte e Nordeste. Nesse sentido,
torna-se imperioso fortalecer e aperfeiçoar as dinâmicas econômicas centrais
dos estados dessas regiões, como o Polo Industrial de Manaus, o qual, ademais,
tem destacado papel na conservação ambiental na Amazônia Ocidental;
7-
A relevância de se fortalecer e ampliar o papel estratégico do empreendedorismo
de todas as formas, especialmente, aquelas focadas em negócios ambientais e
tecnológicos, bem como, os que decorrem da chamada economia criativa.
Tais
questões, distantes de representarem retórica subjetiva de finais de congresso,
expressam demandas que requerem consideração em qualquer formulação de rumos
estratégicos para o desenvolvimento econômico de base mais sustentável, há
muito reclamado pela sociedade brasileira.
Por
fim, resta destacar, que a escolha de Manaus para sediar o XX CBE 2013, uma
cidade que exubera em seus arredores a mais lídima expressão da Amazônia,
expressou bem o tema central do evento. Nessa cidade, às margens do portentoso
Rio Negro, os congressistas puderam perceber o quanto é urgente encontrarmos
caminhos capazes de aportar riqueza para as nações, qualidade de vida para as
pessoas, sem entretanto, dilapidarmos o capital natural do planeta ou
destruirmos os santuários da vida da nossa casa comum.
Manaus,
06 de setembro de 2013.
Sessão
Plenária do XX Congresso Brasileiro de Economia 2013.
Escrito por Manoel Castanho
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