Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho
A vida que
prezamos, de Elton Trueblood, é um livro que comprei quando
seminarista, e que li umas cinco vezes. Vez por outra o folheio e revejo as
anotações. Um de seus capítulos é “A aceitação da responsabilidade”. Trueblood
cita Robert Luis Stevenson, que diz: “Algum dia o mundo voltará à
palavra ‘dever’ e abandonará a palavra ‘prêmio’. Não há prêmios, e há muitos
deveres. E quanto mais cedo um homem reconhecer isso e agir de acordo, tanto
melhor para ele” (p. 79).
Daí, Trueblood fala da “filosofia da
responsabilidade”. Segundo ele, “quanto maior o poder à nossa disposição,
tanto maior nossa responsabilidade no usá-lo sabiamente e para o bem de todos”.
O “poder” a que ele alude não é o espiritual, mas o material, os recursos
econômicos. As vantagens que temos não devem ser utilizadas apenas para nós
mesmos, pois nos são dadas em confiança. Devemos usá-las para o bem comum.
Hoje, as pessoas pensam em
ajuntar e ter sempre mais, vivendo sua vidinha, sem olhar para fora de si. É-me
tola a pessoa que vai a uma Daslu e se orgulha de pagar R$ 1.000,00 por um par
de sapatos que em outra loja custa R$ 100,00. Ela pagou e acha chique.
Uma vez ouvi a conversa de dois homens. Um deles se orgulhava de ter
pagado R$ 800,00 por uma garrafa de vinho. Um mendigo que lhe pediu um pastel
foi rechaçado com veemência.
Muita gente vive em função de
coisas e de prestígio. Há quem diga seguir a Cristo, mas na realidade é
materialista. Seu interesse maior são as coisas. Muitos até buscam uma igreja
que lhes prometa coisas. São idólatras. Amam coisas e não a Deus. Engajamento,
responsabilidade e compromisso afugentam-nas. Uma igreja neopentecostal, em S.
Paulo, anos atrás, anunciava: “Aqui o seu dízimo é apenas 7%”. Se o dízimo é
visto como imposto ou fardo, os mesquinhos que assim pensam devem ir para lá.
Mas gente séria deve passar longe de igreja tão venal.
“O que vou ganhar se seguir a
Cristo?”, perguntam alguns. Seguindo a linha de Trueblood, eu respondo
“Responsabilidade, dever, uma chamada ao compromisso”. Como pastor, não quero
formatar uma igreja que veja o evangelho como um “toma lá dá cá” com Deus:
“Dou-te um trocado; dá-me bênçãos”. Quero formatar minha igreja como um grupo
que ama a Cristo, sente-se responsável pela pregação do evangelho e em manter o
reino, que se veja como construtora de um novo mundo, e não como recebedora de
um “mensalão” material e espiritual.
Seguir a Cristo não é seguir a
Papai Noel. É ter um compromisso com Deus de viver o evangelho, testemunhar da
fé e manter a igreja, com bens, tempo, emoções e orações. Esta é uma das
maiores necessidades da igreja: gente responsável. Você é responsável. Pela sua
igreja e pelo andamento do evangelho neste mundo. Cumpra seu papel!
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