Por Humberto Dalsasso (*)
A relação com o dinheiro não é uma tarefa fácil
visto que envolve múltiplos fatores, inclusive sociais, culturais, emocionais e
técnicos. Devemos ter, com o dinheiro, uma relação pacífica e
amistosa, não devendo agredi lo nem permitir que ele nos agrida. Mas
que linguagem é essa se ele não tem boca para falar nem ouvido para escutar?
Ele não pode ser culpado nem deve ser agredido por
nossos desequilíbrios econômico ou financeiros. Então, quem é o culpado?
Somos nós mesmos. Excetuando-se as situações especiais (catástrofes, doenças,
acidentes, crises econômico-financeiras e outros), cabe a cada um de nós
construir o próprio equilíbrio econômico-financeiro ajustando o modus-vivendi
às nossas possibilidades.
Isto não impede que aspiremos situações superiores
e, com determinação, busquemos converter essa intenção em realidade. Fazer
essa caminhada impõe reavaliações constantes e, quando se vive em família, é
preciso fazer o alinhamento do grupo, já que cada pessoa tem seus hábitos,
desejos e valores. Isto se consegue mediante a realização do que chamo
Assembléia de Família. Não só os pais, mas também os filhos precisam ser
conscientizados da realidade e do objetivo que têm.
É bom que a gente não se esqueça de construir
reservas, dentro das possibilidades, para as necessidades especiais futuras.
Participar de fundos de previdência e de saúde são decisões
importantes, principalmente para quem não tem uma aposentadoria adequada e
consistente. Outra coisa importante é manter-se atento não só à situação
econômico-financeira da família como a do País e do mundo, visto que elas nos
afetam com diferenciais. O desemprego, a inflação e outros fatores podem
pressionar nossa situação e, dependendo dessas necessidades, maior ou menor
precisará ser o esforço familiar.
Outro fator que pesa é a indução ao consumo
superior à capacidade econômico financeira da família. Nenhum governante
gostaria de ter crises em seu mandato. Aí, quando ameaças se ensaiam, em vez de
conscientizar a população ao consumo responsável, utilizam a mídia, o crédito e
outros recursos para estimular o consumo, inclusive desregrado (comprem,
comprem, comprem ..). Evidentemente, a demanda ajuda a manter a economia mas,
como nem todas as pessoas têm o bom senso do equilíbrio, muitas famílias se
endividam muito além da capacidade. Isto ocorreu também no Brasil com a crise
internacional de 2008. O estímulo ao consumo mais que duplicou o endividamento
das pessoas. Como o grau de endividamento era baixo, em relação a outros países
(Grécia, Espanha, Itália e outros países), a conseqüência não foi muito severa,
embora tenha aumentado a inadimplência. Hoje, porém, já seria mais complicado.
O crescimento do endividamento e da inadimplência exigem cuidado, visto
que, em muitos casos, já foi suficiente para desestruturar famílias e sua fonte
de renda (emprego).
A facilidade de utilização do crédito estimulado
(inclusive o consignado) das compras a prazo e do uso de cartões de
crédito foi forte estímulo ao significativo crescimento do endividamento e da
inadimplência. As famílias devem tomar medidas preventivas para evitar a
desestruturação. O dinheiro tem que ser nosso amigo e, também, precisamos
respeitá-lo. Ferramentas adequadas poderão facilitar a tarefa e preservar as
famílias.
No livro FINANÇAS COMPORTAMENTAIS: Orçamento
Familiar, que escrevi, além dos conselhos e orientações, estruturei uma
planilha de receitas, gastos e saldos diários, classificados em grupos, por
exemplo: alimentação, saúde, lazer, veículos, aluguel e condomínio, comunicação
e outros. Ao registrar os dados, a planilha vai mostrando a receita, o
gasto e o saldo diário e acumulado do mês. Ela totaliza, em Reais e
em percentual, os dados acumulados e faz a representação gráfica mensal. Ao
final do ano apresenta um resumo mensal.
Para facilitar e não ter que ir ao computador todos
os dias, imprime-se a planilha em branco e, em um minuto, anotam se os
dados do dia, digitando-os ao final do mês, imprime-se a planilha mensal e
se analisam as contas. Se tudo estiver bem, vá ao sono tranqüilo. Havendo
sintomas de desequilíbrio, analisam-se as contas e, na Assembléia de Família,
discute-se a realidade e o alinhamento. É uma tarefa tecnicamente fácil e
rápida, que poderá reconduzir ao equilíbrio, sem atritos familiares e outros
sacrifícios. Aí, então, além de mantermos a amizade recíproca com o dinheiro,
evitamos desentendimentos familiares e preocupações que nos acompanhariam ao
trabalho, afetando nosso desempenho e o clima organizacional.
É uma questão de querer fazer, tomar a decisão,
converter a decisão em prática, acompanhar/avaliar os resultados e traçar
diretrizes de redirecionamento.
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(*) Economista, Consultor Empresarial de Alta Gestão.
(*) Economista, Consultor Empresarial de Alta Gestão.
Fonte: http://www.cofecon.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=2500&Itemid=1
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