sábado, 10 de março de 2012

Crônica: O Porto de Belém e a derrubada dos Galpões 11 e 12 da CDP


Em diversos artigos já denunciei a “miopia” histórica no que se refere a gestão do Município de Belém do Pará. Não aproveitamos as nossas “potencialidades latentes” e estamos ficando atrás de outras cidades que dispõe de gestores mais qualificados, criativos e comprometidos com a população. A política que se pratica em nossa cidade lamentavelmente é a política das negociatas, do “lobismo”, do jogo de interesses de uma meia dúzia que sempre financiam os processos eleitorais e que usam os seus “representantes biônicos” para fins particulares. Com algumas exceções a nossa Câmara de Vereadores virou local de negociatas, um verdadeiro balcão de negócios nada velados. Já é público e notório os arranjos e desarranjos que são feitos para beneficiar determinados grupos econômicos em detrimento do interesse da maioria. Lamentavelmente o bem público e coletivo é suplantado pelo interesse de uma determinada elite política e econômica.
Falar em Plano Diretor Urbano em Belém é brincadeira. Não existe um mínimo planejamento para a nossa cidade. As ações são pontuais, casuísticas. Projetos estruturantes não passam de ilusão em nossa capital. Quando saem levam muitas vezes décadas ou ficam incompletos, inacabados em decorrência principalmente da incompetência dos gestores que muitas vezes não possuem condições técnicas adequadas para ocuparem determinados cargos, mas estão lá por negociações políticas construídas para darem plena governabilidade à gestão.
Vez ou outra afirmo que Belém precisa ser repensada, reinventada. Precisamos, portanto, de gestores e representantes políticos que possuam compromisso com a coisa pública, capacidade técnica e muita criatividade. Precisamos de representantes que não se percam no micro mundo das negociatas e da troca de favores. Mas que pensem os problemas de Belém por meio de uma perspectiva macro e sistêmica.
O caso do desmonte dos Galpões 11 e 12 do Porto de Belém é um exemplo disto. Esta não é uma decisão que possa ser tomada aos trancos e barrancos beneficiando apenas um determinado grupo econômico. A pressa na aprovação de determinados assuntos é no mínimo estranha e perigosa, para não dizer irresponsável. A população precisaria ser ao menos devidamente consultada a este respeito. Principalmente por se tratar de um patrimônio histórico e arquitetônico de nossa cidade. Belém que já é conhecida com a cidade do já teve poderá incorporar em breve, caso não haja uma devida reação da população, mais um item a esta triste lista.
Outras cidades que estão na vanguarda do planejamento urbano têm reconvertido antigas áreas comerciais e portuárias em espaços turísticos, de lazer e de geração de emprego e renda. Ou seja, em se tratando de patrimônio público é fundamental usar e abusar de criatividade com responsabilidade. Por que não instalar, por exemplo, um complexo artístico cultural integrado a Estação das Docas, com espaço para exposições permanentes de artesanatos e culturas regionais? Este é apenas um exemplo do que poderia ser feito com este espaço que pretende-se destruir.
O que a Companhia Docas do Pará (CDP) está anunciando é um crime que lesará o patrimônio público de nossa cidade. Não há dúvida de que o Porto de Belém precisa ser seriamente discutido. Convém manter um porto de cargas com baixo calado e problemas gravíssimos de assoreamento? Em decorrência disto os maiores navios de carga são impedidos de aportarem em nosso porto. Como conseqüência, isto diminui o tamanho dos navios que aportam e aumentam os custos de frete.
Outro problema sério decorrente da existência de um porto de cargas no centro da cidade advém do tráfego constante de caminhões que movimentam as cargas. Será conveniente manter a movimentação de cargas em pleno centro da cidade? Não seria conveniente transformá-lo em um porto de passageiros somente? Não está na hora do poder público municipal juntamente com o estadual e a população discutir a transposição do embarque e desembarque de cargas para outro local? Quem estuda o assunto sabe que existem alternativas viáveis, mas que, como quase tudo nesta cidade, acabam esbarrando em algum interesse particularista. 






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