Ontem indo para Brasília, durante o voo, pude
ler com maior cuidado o artigo escrito pelos filhos do prof. Armando Dias
Mendes – Armando Nobre Mendes, Antonio Daniel Mendes,
Alberto Mendes, Artur Mendes, Graça Mendes e André Mendes – para o livro que
estou organizando pela Associação Comercial do Estado do Pará (ACP), numa
iniciativa do atual presidente, Sérgio Bitar, sobre a vida e obra deste que foi
um dos maiores intérpretes da Amazônia. O livro que já está batizado de “Armando
Dias Mendes: Vida e obra de um intérprete da Amazônia”, deverá será lançado no
mês de fevereiro de 2014 e contará com diversos ensaios de renomados
pesquisadores regionais da Amazônia sobre a biografia e obra de Armando Mendes,
além de quarto artigos in memoriam do
autor.
Confessor que fiquei surpreso com a qualidade
dos ensaios, fazendo com que missão posta para este livro fosse plenamente
cumprida. Os artigos, em conjunto, fazem um apanhado preciso da contribuição de
Armando Dias Mendes para o pensamento crítico a respeito do desenvolvimento da
Amazônia, conforme sumário elencado ao final.
Contudo, o que mais me surpreendeu, dando a
obra um “brilho” especial, foi sem dúvida a biografia escrita pelos filhos, “Dos
filhos ao pai”. Por meio dela é possível desvelar a intimidade do prof. Armando
com os familiares, o que somente reiterou o seu legado. Muito clara fica a
relação paternal e o legado de probidade deixado, com alguns exemplos marcantes
citados. Destaca ainda a sua persistência intelectual, eclética, e a sua ficção
pelo vernáculo, muito clara em seus escritos.
Questões pessoais também ressoam e trazem um “q”
de curiosidade a biografia. A adaptação de Armando aos novos tempos, via pressão
“organizada” dos filhos, que contam causos desde a “revolta dos cabelos”, a ida
ao cinema, as peladas no “Maracanamendes”, o hábito de ler andando pelo
corredor, a biblioteca que brotava do nada, a dificuldade de acesso a
informação na época passada, a recusa em receber presentes quando funcionário
público... São relatos que ajudam a compreender melhor a obra do prof. Armando
Dias Mendes. Destaco ainda o esclarecimento sobre a origem da visão “insistencialista”,
ligado diretamente a perda do filho “Aluísio”. Confesso que o prof. Armando já
havia feito menção a isto numa conversa, mas não com tanta riqueza de detalhes.
Abrindo uma digressão, agradeço à família a
menção justa no processo de criação do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA),
a participação do meu pai, José Marcelino Monteiro da Costa. Não tem como fazer
menção à criação do NAEA sem fazer referencia a dupla Armando e Marcelino. Tive
o privilégio de conviver com os dois, e pude ver o respeito e a admiração
mútua. Vi em ambos a perspectiva de que a mudança da trajetória de
desenvolvimento da Amazônia passa obrigatoriamente pela criação de uma consciência
coletiva firmada num processo de formação educacional da qual a universidade é
peça chave. Mas não basta. É necessário que este processo extrapole o meio
acadêmico e tenha condições da intervir no mundo concreto, saindo das análises
abstratas.
Fechando a digressão, agradeço a família pela
enorme contribuição para o esforço de eternizar o legado intelectual de Armando
Dias Mendes. Com licença da família, ouso dizer que um pouco dele seguirá em
cada um daqueles que sonham com uma trajetória diferente de desenvolvimento
para a região.
Segue
o sumário da obra “Armando Dias Mendes: Vida e obra de um intérprete da
Amazônia” que será lançada ano que vem por uma iniciativa da ACP.
PARTE I – ARMANDO DIAS MENDES: VIDA E OBRA DE
UM INTÉRPRETE DA AMAZÕNIA
2. A trajetória de um “desenvolvimentista”
na Amazônia: um breve relato sobre a vida e obra de Armando Dias Mendes –
Danilo Araújo Fernandes
3. Armando Mendes e a invenção da
Amazônia: uma reflexão crítica – David Ferreira Carvalho e André Cutrim
Carvalho
4. Armando Dias Mendes: o colóquio
“impossível” e o legado de um intérprete da Amazônia – Eduardo José Monteiro da
Costa
5. A contribuição de Armando Mendes para a
construção de uma universidade cidadã na Amazônia – Fábio Carlos da Silva
6. Armando Dias Mendes e a profissão de
Economista – Luiz Alberto Machado
7. A Belém de Armando Mendes: história e
representação - Geraldo Mártires Coelho
PARTE
II – ARTIGOS IN MEMORIAN
8. Economistas, Amazônia e Século XXI –
Armando Dias Mendes (in memorian)
9. Palestra de abertura do V ENAM, A
Amazônia, os Economistas e o Século XXI: Achegas à resiliente Doutrina 21 das
sustentabilidades - Armando Dias Mendes (in memorian)
10. Discurso de agradecimento do Prêmio Samuel
Benchimol – Armando Dias Mendes (in memorian)
11. Amazônia: Cidadania ou Capitulação: uma
involuntária alegoria amazônica produzida em parceria por poetas, prosadores e
políticos não amazônicos – Armando Dias Mendes (in memorian).
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