Participei
hoje pela manhã do debate sobre conjuntura econômica “Perspectiva Econômica do
País para 2014”, tendo como expositor o prof. Dr. Antônio Correa de Lacerda. O
debate ocorreu na abertura da 655ª Sessão Plenária Ordinária do Conselho
Federal de Economia (COFECON). Do exposto, pelo palestrante, e discutido na
plenária, destaco:
1.
A mídia é constantemente bombardeada com
aquilo que é melhor para os rentistas e não para o país, por meio de análises
que pecam pela não imparcialidade. Em geral são operadores do mercado
financeiro que têm acesso privilegiado a mídia, que não possui os filtros
necessários para processarem o que está sendo comunicado;
2.
O debate está muito concentrado na esfera
financeira. Muito pouco se discute sobre a economia real, ou questões
estratégicas de médio e longo prazo;
3.
A taxa de inflação do Brasil está, nos últimos
anos, próxima da média dos países emergentes;
4.
O cenário econômico mundial é de baixo
crescimento, taxas de juros baixas e inflação persistente. Neste cenário as “guerras”
cambiais e comerciais permanecem como estratégia de muitos países;
5.
A expansão do consumo não se rebate
necessariamente no aumento do PIB. Este último é impactado pelo aumento do volume
de valor agregado na economia. Isto posto, a capacidade de manipular os níveis
de consumo no país para estimular o crescimento da economia é limitado no
contexto econômico atual;
6.
O Brasil se tornou uma economia do consumo,
contudo, suprida em grande parte, pelas importações. Assim, há um vazamento de
renda e a geração de empregos industriais noutros países em detrimento da
economia nacional. Este debate está diretamente ligado com a discussão da
desindustrialização;
7.
Parte da questão da desindustrialização no
Brasil é explicada pela perda de competitividade da indústria nacional frente à
indústria mundial. O esgotamento da economia brasileira é explicado por três
fatores: o aumento do endividamento das famílias (fato que limita o consumo), a
carência de investimentos privados e o desequilíbrio nas transações correntes;
8.
Em 2014 o cenário econômico aponta para um
conjunto de fatores adversos: desvalorização do real, aumento dos custos
industriais, pressão inflacionária e perspectiva de baixo crescimento
econômico;
9.
Há inevitavelmente um erro de adaptação das
estratégias econômicas ante ao cenário externo posto. Há um erro de dosagem e
de time na condução da política
macroeconômica;
10. Recentemente
houve uma tendência de diminuição da taxa de juros real. Neste contexto, o
setor produtivo, paradoxalmente, apresentou-se, em grande parte, como cético em
relação a tendência de queda da taxa de juros. Isto, em parte, é explicado pela
cultura do “rentismo” e da arbitragem que se implantou no país;
11. Nada
atualmente justifica o atual patamar da taxa de juros básica da economia. Esta
alta taxa de juros impõem um custo elevado para as finanças públicas na medida
em que, apesar do superávit primário, há um déficit nominal recorrente.
Portanto, há um esforço social para pagamento de juros e amortizações da dívida
pública no país.
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