Eduardo
Costa
Texto
de referência: “Todo aquele, pois, que
ouve estas minhas palavras e as põe em prática, será comparado a um homem
prudente, que edificou a casa sobre a rocha. Mas todo aquele que ouve estas
minhas palavras, e não as põe em prática, será comparado a um homem insensato,
que edificou a sua casa sobre a areia.” (Mt 7.24,26).
1. A cultura pós-moderna contemporânea
Vivemos
numa era cultural bastante específica da humanidade, a chamada Era da
Pós-Modernidade que difundiu, através da globalização e dos meios de
comunicação instantâneos, um padrão de vida que passa a ser copiado como
paradigma de referência ao redor do mundo.
Neste
modelo de comportamento estimula-se o individualismo, o egoísmo, o culto ao
estético – cujo um de seus desdobramentos é o culto ao corpo –, e o hedonismo,
que se manifesta na busca incessante por prazer. Dizem os especialistas,
antropólogos e sociólogos, que o ser humano é um animal social em constante
busca por prazer, comportamento este potencializado pelo sistema capitalista
que se utiliza deste padrão de comportamento para viabilizar a reprodução do
capital em um processo ininterrupto, ampliado e global.
Talvez
a principal consequência deste “estilo de vida” se expressa na inversão de
valores comportamentais em nossa sociedade. Hoje ter é muito mais importante do
que ser. O homem não é mais avaliado pelo seu padrão ético e moral. Mas passa a
ser valorizado de acordo com o patrimônio acumulado ou de acordo com a posição
social que ocupa.
2. A pós-modernidade invade as igrejas
cristãs
Lamentavelmente este padrão de comportamento passa a
invadir as igrejas cristãs. Em vez do Cristianismo influenciar o mundo – novamente
história se repete –, mais uma vez a cultura e o estilo de vida de uma época
passam a moldar a igreja e a sua liturgia. O maior exemplo disto é a propagação
da Teologia da Prosperidade. Muitas igrejas cristãs passam a dar muito mais
importância às bênçãos do que ao Abençoador.
Para muitos a igreja não passa de um mero clube social,
com atividades lúdicas que passam a envolver a família, peças, encontros,
retiros, passeios, almoços e jantares. É um lugar de pessoas agradáveis.
Contudo, lamentavelmente, não passa disto. Querem ser constantemente servidas,
mas não estão dispostas a servir, se envolver na obra, arregaçar as mangas.
Estão lá somente para receber, receber e receber. Muito pouco ou quase nada têm
para dar.
Ao lado disto assistimos a cultos, que enfatizam
sobremaneira a manifestação de dons espirituais, nos quais a mensagem da cruz,
do arrependimento, do perdão e da necessidade de uma verdadeira conversão some
para não desagradar a uma plateia que quer ver o seu ego constantemente “amaciado”.
Estão atrás de verdadeiros “espetáculos gospel”, onde se não houver cânticos
animados, glossolalia, profecias, manifestações claras, constantes e diárias de
prodígios e milagres, o Espírito Santo não se fez presente.
Vivemos uma era da efervescência de um cristianismo deturpado,
com sintomas claros de uma nova onda de sincretismo religioso, na qual Aará
(Meu Pastor), Adon Hakavod (Rei da Glória), Adonay (Senhor), El-Berit (Deus da
Aliança), El Caná (Deus que Cuida), El-Nosse (Deus de Compaixão), El-Ne’eman
(Deus de Graça e Misericórdia), El-Olan (Deus da Eternidade), El-Raí (O Deus
que tudo vê), El-Sale’i (Deus é a minha rocha, o meu refúgio), El-Sadday (Deus
Todo Poderoso), Eloim (Altíssimo), Gibbor (Poderoso), Jeová Jire (Deus de
Abrão, Isaque e Jacó), Kadosh (Santo), Mikadiskim (Que nos santifica), Palet
(Libertador), Rofecha (Que te sara), passa a ser “servo” de um cristão imaturo,
que quer, quer, quer... E para isto profetiza, determina, declara...
3.
Fundamentos
do verdadeiro cristianismo
Muitas igrejas distanciaram-se dos fundamentos do
verdadeiro cristianismo, aquele vivido pela igreja primitiva e defendido pelos
heróis da Reforma Protestante. A mensagem
que deve ser pregada é a mensagem da Cruz, do céu e do inferno, da confissão
dos pecados, do arrependimento, da justificação pela fé, da conversão, da busca
pela santificação, do serviço, da compaixão e da caridade.
O verdadeiro cristão não deve ser medido pelo sucesso no
acúmulo de bens materiais, pela manifestação de dons espirituais ou pela
realização de milagres e prodígios, mas sim pelo fruto do Espírito Santo. Como
o Apóstolo Paulo escreveu: "Ora, as obras da carne são
manifestas, as quais são: a prostituição, a impureza, a lascívia, a idolatria,
a feitiçaria, as inimizades, as contendas, os ciúmes, as iras, as facções, as
dissensões, os partidos, as invejas, as bebedices, as orgias, e coisas semelhantes
a estas, contra as quais vos previno, como já antes vos preveni, que os que
tais coisas praticam não herdarão o reino de Deus. Mas o fruto do Espírito é: o
amor, o gozo, a paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a fidelidade, a
mansidão, o domínio próprio; contra estas coisas não há lei."
(Gálatas 5:19-23).
O verdadeiro cristão não profetiza, determina, declara,
ele se coloca diante do Altar de da vontade do Altíssimo: – Senhor é da tua
vontade? O verdadeiro cristão não adora somente em época de bonança. O
verdadeiro cristão não deixa de passar por lutas e tribulações, mas ao
enfrentá-las faz isto com uma paz de espírito que chega a ser incompreensível
aos “olhos mundanos”. O verdadeiro cristão adora ao Senhor em espírito e em
verdade, não esperando nada em troca, sem reivindicações, mas com espírito de gratidão
pela soberana graça de Deus. O verdadeiro cristão não está em busca de um clube
social ou de um “espetáculo gospel”. Está sempre pronto para servir com
humildade.
Assim, as portas de completarmos 500 anos da Reforma
Protestante creio que precisamos revisitar os seus fundamentos, os cinco solas:
Solus Christus (somente
Cristo), Soli Deo Gloria (glória
somente a Deus), Sola Fide (somente
a fé), Sola Gratia (somente
a graça), Sola Scriptura (somente
a escritura).
Somente assim conseguiremos construir um cristianismo
maduro e, como bons ceifeiros, conseguiremos fazer a obra a nós determinada.
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