Pr.
Isaltino Gomes Coelho Filho
Uma
característica muito forte na criança é a busca do prazer. Ela quer apenas o
que é agradável. Um exemplo simples, banal mesmo: legumes e verduras não são
agradáveis. Doces, sim. Também para o adolescente: fazer os deveres da escola
não é agradável. Perder-se em banalidades pelo celular é.
De
adultos espera-se noção de dever e senso de responsabilidade. Trocar fraldas e
limpar bebês não é a coisa mais cheirosa do mundo. Mas as mães fazem isso. Ser
adulto é saber que a vida é algo mais que buscar prazer. Por isso, uma das
frases mais tolas que li é “Todo homem tem direito à felicidade”. O que é felicidade?
Para o viciado, uma pedra de crack, uma picada, mais um gole. Para o sádico,
causar dor a alguém. A felicidade do atacante é a dor do goleiro adversário.
O
alvo da vida é ser feliz? Isso explica o caos do mundo: o egoísmo, a
indiferença aos sofredores, o luxo sibarita diante da fome alheia. Um lar
desfeito por que o marido acha que tem direito a ser feliz e larga a esposa e
filhos para viver com uma sirigaita mais nova. Ou por que a moça não assume que
é mãe e deve viver nova realidade; ainda quer ser “gatona” e “curtir a vida”.
Avultam casos de bebês largados por mães que foram ao baile, no seu direito de
felicidade. Esta postura infantil de tantos adultos tem produzido um mundo
miserável, onde a piedade escasseia e a mesquinhez cresce.
Isso
acontece no evangelho. As pessoas não consagram mais a vida ao serviço de Deus.
Ele existe para torná-las felizes. Elas não mais servem à igreja nem se engajam
nela para serem úteis. A igreja se torna um espaço social onde exibem sua
vaidade e buscam reconhecimento. Se não os obtêm, passam a falar mal da igreja,
alheiam-se ou buscam outra. Nunca vi um crítico contumaz de igreja exibir vida
espiritual exuberante. Espalham mal estar por onde passam, cheias de ranço.
Ao
lavar os pés dos discípulos, Jesus ensinou uma grande lição: mostrou-se como
servo, realizando uma tarefa baixa, de escravo. E disse: “Se eu, Senhor e
Mestre, lavei os vossos pés, também deveis lavar os pés uns dos outros” (Jo
13.14). Ele disse que “não veio para ser servido, mas para servir…” (Mc 10.45).
E sinalizou a vida rica, abençoada e feliz: a que é útil, a que serve.
Felicidade é um subproduto de utilidade. Quem tem uma vida útil, que beneficia
aos outros, é uma pessoa realizada. Quem só quer receber é como as filhas da
sanguessuga: “Dá! Dá” (Pv 30.15). Nunca se satisfará.
O
reino de Deus carece de mais cristãos adultos e menos bebês espirituais. Carece
de gente que queira ser útil e queira servir. Que critique menos, que não
queira visibilidade e importância, mas que entenda a lição de Jesus: nós nos
realizamos na autodoação à obra e aos outros.
“Ninguém
busque seu próprio bem, e sim o dos outros” (1Co 10.24). Adultos espirituais e
emocionais são felizes. Bebês espirituais não são engraçados e dão muito
trabalho
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