Por Humberto Delasso (*)
Porque alguns países crescem e se
desenvolvem firme e admiravelmente enquanto outros se mantêm em situação
medíocre ou até regridem, levando a população ao penoso nível de pobreza
intensa? Se alguém tiver essa resposta com simplicidade, segurança e
precisão, merece receber o “Prêmio Nobel”. Evidentemente, a resposta não é
simples mas há caminhos diferenciados para a trajetória da miséria à riqueza.
Isto é, da pobreza ao desenvolvimento, este aqui considerado no valioso conceito
de Rostow (1).
Somos tentados a dizer que a miséria
de um país deve-se aos poucos recursos de que dispõe. Embora isto pese muito, a
verdade desta afirmação é, na maioria das vezes, pouco consistente pois, se
assim fosse, todos os países ou regiões que dispunham de valiosos recursos
minerais, desde carvão a ferro, petróleo, prata, ouro ou outros, deveriam hoje
ser plenamente ricos e desenvolvidos. Mas a realidade é outra. Em grande número
deles, a explotação não só reduziu ou exauriu as riquezas como prejudicou o
ambiente e bloqueou a mente criativa das pessoas.
Esta afirmação decorre não só do que
vi em boa parte do mundo como da vivência pessoal, tendo minha infância se
situado em zona mineradora de carvão.
Este fato ocorreu em diversas partes
do mundo, visualmente percebido quando você sobrevoa a região. Isto ocorreu no
Brasil, na África e em muitos outros países.
A pergunta mais frequente que surge
quando o assunto é exposto é: Você é contra a exploração mineral e florestal?
Evidentemente não. Eles são recursos
necessários à humanidade – atual e futura - e, se explorados com
responsabilidade e parcimônia, tendo como princípio beneficiá-los e
industrializá-los, o que agregaria valor, criaria emprego e renda, tornando-se
importante fator para o desenvolvimento.
Se o processo for guiado por visão
estratégica, com adequados condicionantes estruturais – crenças, valores e
princípios – e com inteligência, os países ou regiões ricos em minérios e
florestas teriam vantagem adicional e diferenciada para chegar ao desenvolvimento.
Neste intervalo, no entanto, é indispensável que o Governo, as demais
organizações e instituições e as empresas mineradoras tenham a consciência de
que estão se servindo de recursos não renováveis que pertencem também às
gerações futuras.
A saúde, a educação, a
infraestrutura, a capacitação, a segurança e a responsabilidade social são
componentes que integram o desejado processo evolutivo rumo ao desenvolvimento.
Especificamente no Brasil, é preciso não ficar satisfeito apenas com a paisagem
fantasma que a exploração predominante por séculos, desde seu descobrimento
(1500), inicialmente promovido por interesses externos, especialmente por
Portugal e Inglaterra. Assim como no Brasil, muitos outros países,
destacando-se o continente africano, passaram por essa experiência.
Retornando ao questionamento inicial
(explorar ou não explorar recursos naturais), não somos contra a exploração,
porém, com responsabilidade e parcimônia. Sendo um recurso da humanidade, é
preciso predominar a responsabilidade social, com significativa retribuição à
sociedade, através de um processo evolutivo que estimule e favoreça o
desenvolvimento das regiões, dos países e das pessoas, especialmente com
recursos tecnológicos, evitando torná-los escravos da única opção: a dependência
do emprego do mineiro, muitas vezes sem atenção aos riscos, principalmente, à
saúde e à evolução do conhecimento.
Assim, em vez de os benefícios da
exploração dirigirem-se apenas aos exploradores, devem abrigar toda a
sociedade, o que pressupõe a utilização de adequada geopolítica e
geoestratégia, com forte direcionamento à capacitação das pessoas, levando-as a
despertarem para a criatividade e para o empreendedorismo, rumo ao
desenvolvimento.
Então, os exploradores minerais e
também florestais, sejam o governo, empresas estatais ou privadas – nacionais
ou estrangeiras – devem manter permanentes e adequados programas direcionados
ao desenvolvimento. Não basta contribuir para organizações – ONGs ou outras –
apenas para contabilizar e beneficiarem-se da redução tributária -, é preciso
eficácia e responsabilidade social.
________
(*) Economista, Consultor Empresarial de Alta Gestão.
(1) “Desenvolvimento é um processo inédito e irreversível de mudança social, através do qual se instaura numa região um mecanismo endógeno de crescimento econômico cumulativo e diferenciado”. (Rostow, W.W.)
(*) Economista, Consultor Empresarial de Alta Gestão.
(1) “Desenvolvimento é um processo inédito e irreversível de mudança social, através do qual se instaura numa região um mecanismo endógeno de crescimento econômico cumulativo e diferenciado”. (Rostow, W.W.)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.