Como estou em plena
campanha e sem tempo para fazer uma das coisas que mais gosto, escrever,
resolvi, para não deixar passar batido esta importante data, requentar parte do
que escrevi um ano atrás. Peço perdão aos leitores por este desleixo, mas
espero que entendam.
“Hoje, dia 15 de
agosto, é uma data especial na história do Pará. No dia 15 de agosto de 1823 a
Província do Grão-Pará e Maranhão aderiu ao império brasileiro, tendo como
imperador Dom Pedro I. O fato é que a adesão do Pará ao império foi um
acontecimento pouco democrático. Na verdade, a Província do Grão-Pará e
Maranhão foi forçada sob ameaça de invasão militar a aderir à independência
brasileira. Até então, a Província do Grão-Pará tinha muito pouca relação
econômica e política com o restante do Brasil, e estabelecia relações diretas,
sem mediações, com a Metrópole, Portugal.
Em meio a
chantagens e ameaças a elite paraense da época “negociou” com o império
brasileiro a adesão, recebendo em troca a garantia de que os cargos públicos
permaneceriam intocados. Alguns poucos ensaiaram uma corajosa resistência,
tendo esta tragicamente acabado no episódio do Brigue Palhaço, quando 256
paraenses contrários a adesão foram asfixiados no porão do navio São José
Diligente. Alguns anos depois, no ano de 1835, movimentos populares também
foram cruelmente reprimidos na Revolta da Cabanagem.
O
fato é que o Grão-Pará deixou efetivamente de ser uma colônia de Portugal para
se tornar uma colônia brasileira. Até hoje vivemos sob os auspícios de um novo
pacto colonial imposto pela República Federativa do Brasil. O pacto federativo
brasileiro é lesivo ao estado do Pará. Falta um projeto de nação para a
Amazônia, e este rincão do Brasil é pensado somente como mero fornecedor de
produtos naturais, insumos e matérias-primas. O Brasil não tem um projeto de
desenvolvimento para a Amazônia e quando se pensa este pedaço do país, é
pensado somente no fluxo out. Exemplos claros desta distorção federativa é a
Lei Kandir e a “ilógica lógica” de cobrança do ICMS de energia elétrica somente
no destino.
Concluo afirmando
que precisamos de uma nova Cabanagem. Precisamos nos libertar deste
colonialismo interno.”
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