terça-feira, 12 de abril de 2011

O Papel do Educador no Ensino Universitário

No primeiro semestre de 2010 fui agraciado com uma nobre e prazerosa missão, ministrar uma disciplina introdutória para os calouros do Curso de Ciências Econômicas da UFPA. Este fato acabou me levando a refletir sobre o papel do educador no ensino universitário. Recordei-me inicialmente de dois autores, Karl Marx e Paulo Freire. O primeiro, reconhecido por ser um dos mais brilhantes pensadores de todos os tempos e que alterou radicalmente os rumos de todas as ciências sociais advogando que muito mais do que interpretar o mundo de várias maneiras competia aos filósofos modernos a sua transformação. O segundo, conhecido internacionalmente como o mentor da educação para consciência, ensinou durante muito tempo, e continua ensinando, que ao educador compete levar o aluno a um processo de libertação a partir do momento em que a tomada de consciência de sua situação permite ao mesmo tornar-se sujeito de sua própria história. Ou seja, educação não é mera transmissão de conhecimento, é dar oportunidade ao aluno para que ele mesmo possa produzir em determinado momento conhecimento.
Todo bom educador busca desenvolver em seus alunos a consciência crítica e a autonomia intelectual. É um processo de incitação a curiosidade, de busca pelo novo e, principalmente, de superação de desafios e limitações. É, por outro lado, um processo dialético e social. Ninguém aprende sozinho e ninguém possui a verdade absoluta. É um processo interativo, no qual aluno vira professor e professor, aluno. Neste processo conhecimento, culturas e valores são compartilhados. Pontos de vistas, muitas vezes, modificados. Olhos, “abertos”.
Todo bom educador deve ter por objetivo derradeiro a ampliação dos horizontes de possibilidades de seus alunos, ajudando-os na construção de um futuro melhor. Todo bom educador é um idealista por natureza. Busca transformar a sociedade por meio da difusão do conhecimento, da tomada de consciência individual e coletiva e do desenvolvimento da autonomia intelectual. Ser educador não é ter uma profissão, é viver uma vocação. A sala de aula é um momento de gozo, de alegria, de compartilhamento, de auto-realização. Ver os avanços, o desenvolvimento dos alunos com o passar do tempo é a melhor recompensa que um educador pode ter. Por isso, o educador não poder cauterizar o seu coração e desviar de seus ideais em função de obstáculos que surgem ao longo de seu caminhar.
                 Todo bom educador deve saber claramente quais são os seus limites e antes de qualquer coisa também saber se impor limites. Mais ainda, deve aprender com os limites e usar estes para ensinar. Educar é viver, é sonhar, é rir, é chorar e também se decepcionar. Mas usar todas as experiências da vida para aprender e ensinar. Somente assim faremos da universidade uma instituição capaz de transformar vidas e própria sociedade.

3 comentários:

  1. Na verdade, nós seus alunos que tivemos a sorte e o privilégio de sermos abençoados com um verdadeiro professor. Que ensinou, educou e despertou o interesse em seus alunos, que os motivou e que lhes deu liberdade para ter opnião própria.
    Raros são aqueles que possuem esse dom! E o senhor é um desses meu amigo.
    E não existe ninguém melhor para avaliar o professor que seu aluno.

    ResponderExcluir
  2. Não sei se educar é aprender ou ensinar....
    Mas acredito que ser professor é ser alguém que alimenta sonhos e ajudar de alguma forma para que eles se concretizem.
    Minha experiência com tua aluna foi muito gratificante e proveitosa - e isso não é só opinião minha - agora todo mundo da turma de especialização em Economia Regional já sabe o que é Desenvolvimento Endógeno e que isso é muito importante(mesmo a gente não ter colocado isso nos nossos trabalhos -eheheh!!!)
    Que bom foi poder te encontrar nessa minha nova jornada acadêmica....Só tenho à desejar tudo de bom nessa longa caminhada como professor.

    ResponderExcluir
  3. O que dizer? quando já disseram tudo...exerço a profissão na área de educação há dez anos, nesse período lecionei para o fundamental, médio, educação de jovens e adultos e educação indígena.E acredite!! não há nada mais satisfatório nessa prática do que sabermos que não só metamorfosíamos, mas também o aluno. A troca dessa experiência é a energia do conhecimento bailando, bem ao nosso alcance.O que posso dizer-lhe como sua aluna, é que em duas semanas que me pareceram meses,de tão intensa e produtiva que foi,me fez recordar de mim mesma nos meus verdes anos de sala de aula,em que a minha prática estava repleta de uma vontade imensa de ir além do que é formalizado na normalidade instituída por um sistema educacional falho e deficiente...Contudo,o encanto está em fazer sentido ensinar e aprender em uma simbiose de perfeita harmônia.

    ResponderExcluir

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.