terça-feira, 11 de março de 2014

Como planejar sua campanha para reeleição ao Legislativo


Por Francisco Ferraz - Publicado originalmente no sitio eletrônico de Políticas para Políticos em 14/01/2014


As eleições para os cargos legislativos no Brasil ocorrem em condições mais incertas do que a disputa para os cargos nos executivos. Uma eleição para os executivos ocorre por meio da fórmula majoritária em dois turnos.
Os prefeitos, governadores e presidentes elegem-se a partir da obtenção da maioria dos votos, e podem contar com uma gama de recursos incomensuravelmente superior aos recursos disponíveis para os candidatos a vereador, deputado estadual ou federal.
Dentre tais recursos cabe destacar o tempo muitíssimo maior  nos horários gratuitos de rádio e TV, de exposição na mídia, além das pesquisas de intenção de voto, que muitas vezes são divulgadas pela imprensa sem custos para candidatos e partidos.
Para as eleições legislativas o Brasil adota  o sistema proporcional de lista aberta. Nesse sistema os partidos políticos não possuem nenhum mecanismo para controlar a distribuição das cadeiras conquistadas entre os candidatos.
A fórmula eleitoral é chamada de lista aberta porque a posição do candidato na lista depende exclusivamente da sua votação pessoal e da transferência dos votos de outros candidatos com menor votação do mesmo partido ou de um partido coligado.
Os candidatos que recebem mais votos individuais, obviamente são os que têm mais chances de serem eleitos ou reeleitos.


 A disputa pelo primeiro mandato

Por incrível que pareça, as chances de quem disputa o primeiro mandato e de quem já ocupa uma cadeira no legislativo não são tão diferentes quanto possa parecer.
A conseqüência desse fenômeno é que, a cada eleição ingressam nos legislativos um grande número de novatos que tomam o lugar dos parlamentares mais antigos.
Para que se tenha uma idéia do quanto isso representa em termos numéricos, as pesquisas acadêmicas na área de ciência política mostram que entre 1945 e1998 ataxa de renovação da Câmara dos Deputados oscilava entre 35% a 40%.
De outra parte, enquanto os candidatos aos cargos executivos precisam conquistar votos em todas regiões e segmentos do eleitorado, os que disputam uma vaga no legislativo podem dirigir-se a segmentos sociais, categorias profissionais ou regiões especificas.
Em outras palavras, os candidatos aos legislativos podem apresentar-se aos eleitores como representantes autênticos do grupo, ou dos grupos aos que se propõe representar.
Para tanto, a estratégia de campanha deve estar direcionada para os segmentos que potencialmente podem se sentir  identificados com a proposta e o candidato.
Os roteiros, as visitas, o material gráfico, os discursos, enfim todas atividades de campanha devem concentrar esforços no sentido de convencer os eleitores de que o candidato vai  trabalhar dia e noite na defesa dos interesses dos seus eleitores no parlamento.


A busca da reeleição no parlamento

A rotina no interior do parlamento, muitas vezes, afasta o parlamentar de seus eleitores e aqui entram dois complicadores a mais. O primeiro é que, quanto mais elevado for o âmbito do legislativo, maior é a distância em relação à respectiva base eleitoral, e o segundo é que os cargos de maior visibilidade pública são também os mais disputados no interior do parlamento.
O âmbito do legislativo está diretamente relacionado com a proximidade geográfica do parlamentar com os eleitores. Assim, por exemplo, um vereador tem seu eleitorado localizado no seu município o que facilita o contato “corpo a corpo”.
Já os deputados estaduais e os deputados federais são eleitos por eleitores de todo seu estado, o que exige um amplo roteiro de viagens, e com o agravante de que no caso dos deputados federais a sede do parlamento é em Brasília, portanto, fora do estado.
A ocupação de postos no interior do parlamento como mesa diretora, presidência de comissões, liderança de bancada, liderança de governo, etc, pode garantir alguns espaços na mídia, o que torna o parlamentar, uma figura pública mais visível e transmite para os eleitores a imagem do político que trabalha.
Embora escassos, esses postos representam uma estratégia disponível para a minoria marcar sua presença.
Para a maioria dos parlamentares, que não têm acesso a esses postos nem a exposição na mídia, a busca da reeleição deve ser feita através de uma estratégia de constituição de uma rede permanente de contato a fim de divulgar seu trabalho e dirigir sua mensagem na campanha eleitoral.

Os principais componentes dessa estratégia de busca da reeleição são:
- foco de ação e público alvo
- rede de contato e estratégia de comunicação
- roteiro de visitas.


Foco de ação e público alvo


Certamente você foi eleito com base em alguma proposta, seja em que área for.  A partir dessa área você deve focalizar sua atuação na Casa Legislativa. Assim, por exemplo, se você é médico deve procurar fazer parte da comissão de saúde pública.
Mesmo sem conseguir aprovar projetos, você pode protocolá-los e divulgá-los  para o público interessado.  

Rede de contatos

Definido o foco de ação e o público alvo, você deve montar uma rede de contatos com pessoas que tenham alguma ligação com o tema de sua ação no parlamento.
Com o desenvolvimento das redes sociais na internet (Facebook p.ex.) a criação de redes ficou facilitada para os usuários da web. Com a rede de contato montada, sua estratégia de comunicação deve mantê-la viva e em crescimento, para aproximar os potenciais eleitores do seu trabalho e dos seus projetos.
A internet e o correio eletrônico (e-mail) são ferramentas ágeis e baratas de comunicação o que faz com que a criação de um site pessoal ou de um Blog, e uma boa lista de pessoas para receber e-mails com “noticias do mandato” seja uma estratégia de comunicação cada vez mais útil. Todavia nem todos os seus eleitores têm acesso a Internet.    Neste caso, a utilização de material impresso e do correio tradicional ainda são úteis  ferramentas.
Por fim, o roteiro de visitas é um elemento essencial na estratégia de reeleição. Como diz a sabedoria popular “Quem não é visto, não é lembrado”. Traduzindo isso do ponto de vista de uma estratégia para a reeleição, significa que nada substitui a presença física do parlamentar junto aos eleitores.
Mas para que sua presença física tenha o impacto desejado, são  necessários roteiros bem traçados e encontros bem preparados.
O planejamento do roteiro de “visitas às bases” precisa levar em conta visitas periódicas, durante o mandato, aos mesmos locais para que não se crie a imagem do político que só aparece no momento de pedir voto.
Nesse sentido, as datas comemorativas, de caráter religioso ou não, são boas oportunidades para que os parlamentares sejam vistos. Além das datas comemorativas é importante aceitar certos convites para festas de casamento, aniversários, pois estas sempre são oportunidades para conversar com eleitores e pessoas que possam ser futuros cabos eleitorais.

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