Por Francisco Ferraz - Publicado originalmente no sitio eletrônico
de Políticas para Políticos em 14/01/2014
As eleições para os cargos
legislativos no Brasil ocorrem em condições mais incertas do que a disputa para
os cargos nos executivos. Uma eleição para os executivos ocorre por meio da
fórmula majoritária em dois turnos.
Os prefeitos, governadores e
presidentes elegem-se a partir da obtenção da maioria dos votos, e podem contar
com uma gama de recursos incomensuravelmente superior aos recursos disponíveis
para os candidatos a vereador, deputado estadual ou federal.
Dentre tais recursos cabe
destacar o tempo muitíssimo maior nos horários
gratuitos de rádio e TV, de exposição na mídia, além das pesquisas de intenção
de voto, que muitas vezes são divulgadas pela imprensa sem custos para
candidatos e partidos.
Para as eleições
legislativas o Brasil adota o sistema
proporcional de lista aberta. Nesse sistema os partidos políticos não possuem
nenhum mecanismo para controlar a distribuição das cadeiras conquistadas entre
os candidatos.
A fórmula eleitoral é
chamada de lista aberta porque a posição do candidato na lista depende exclusivamente
da sua votação pessoal e da transferência dos votos de outros candidatos com
menor votação do mesmo partido ou de um partido coligado.
Os candidatos que recebem
mais votos individuais, obviamente são os que têm mais chances de serem eleitos
ou reeleitos.
A disputa pelo primeiro mandato
Por incrível que pareça, as
chances de quem disputa o primeiro mandato e de quem já ocupa uma cadeira no
legislativo não são tão diferentes quanto possa parecer.
A conseqüência desse
fenômeno é que, a cada eleição ingressam nos legislativos um grande número de
novatos que tomam o lugar dos parlamentares mais antigos.
Para que se tenha uma idéia
do quanto isso representa em termos numéricos, as pesquisas acadêmicas na área
de ciência política mostram que entre 1945 e1998 ataxa de renovação da Câmara
dos Deputados oscilava entre 35% a 40%.
De outra parte, enquanto os
candidatos aos cargos executivos precisam conquistar votos em todas regiões e
segmentos do eleitorado, os que disputam uma vaga no legislativo podem
dirigir-se a segmentos sociais, categorias profissionais ou regiões
especificas.
Em outras palavras, os
candidatos aos legislativos podem apresentar-se aos eleitores como
representantes autênticos do grupo, ou dos grupos aos que se propõe
representar.
Para tanto, a estratégia de
campanha deve estar direcionada para os segmentos que potencialmente podem se
sentir identificados com a proposta e o
candidato.
Os roteiros, as visitas, o
material gráfico, os discursos, enfim todas atividades de campanha devem
concentrar esforços no sentido de convencer os eleitores de que o candidato
vai trabalhar dia e noite na defesa dos
interesses dos seus eleitores no parlamento.
A
busca da reeleição no parlamento
A rotina no interior do
parlamento, muitas vezes, afasta o parlamentar de seus eleitores e aqui entram
dois complicadores a mais. O
primeiro é que, quanto mais elevado for o âmbito do legislativo, maior é a distância
em relação à respectiva base eleitoral, e o segundo é que os cargos de maior
visibilidade pública são também os mais disputados no interior do parlamento.
O âmbito do legislativo está
diretamente relacionado com a proximidade geográfica do parlamentar com os
eleitores. Assim, por exemplo, um vereador tem seu eleitorado localizado no seu
município o que facilita o contato “corpo a corpo”.
Já os deputados estaduais e
os deputados federais são eleitos por eleitores de todo seu estado, o que exige
um amplo roteiro de viagens, e com o agravante de que no caso dos deputados
federais a sede do parlamento é em Brasília, portanto, fora do estado.
A ocupação de postos no
interior do parlamento como mesa diretora, presidência de comissões, liderança
de bancada, liderança de governo, etc, pode garantir alguns espaços na mídia, o
que torna o parlamentar, uma figura pública mais visível e transmite para os
eleitores a imagem do político que trabalha.
Embora escassos, esses
postos representam uma estratégia disponível para a minoria marcar sua
presença.
Para a maioria dos
parlamentares, que não têm acesso a esses postos nem a exposição na mídia, a
busca da reeleição deve ser feita através de uma estratégia de constituição de
uma rede permanente de contato a fim de divulgar seu trabalho e dirigir sua
mensagem na campanha eleitoral.
Os principais componentes
dessa estratégia de busca da reeleição são:
- foco de ação e público
alvo
- rede de contato e
estratégia de comunicação
- roteiro de visitas.
Foco
de ação e público alvo
Certamente você foi eleito
com base em alguma proposta, seja em que área for. A partir dessa área você deve focalizar sua
atuação na Casa Legislativa. Assim, por exemplo, se você é médico deve procurar
fazer parte da comissão de saúde pública.
Mesmo sem conseguir aprovar
projetos, você pode protocolá-los e divulgá-los
para o público interessado.
Rede
de contatos
Definido o foco de ação e o
público alvo, você deve montar uma rede de contatos com pessoas que tenham
alguma ligação com o tema de sua ação no parlamento.
Com o desenvolvimento das
redes sociais na internet (Facebook p.ex.) a criação de redes ficou facilitada
para os usuários da web. Com a rede de contato montada, sua estratégia de
comunicação deve mantê-la viva e em crescimento, para aproximar os potenciais
eleitores do seu trabalho e dos seus projetos.
A internet e o correio
eletrônico (e-mail) são ferramentas ágeis e baratas de comunicação o que faz
com que a criação de um site pessoal ou de um Blog, e uma boa lista de pessoas
para receber e-mails com “noticias do mandato” seja uma estratégia de
comunicação cada vez mais útil. Todavia nem todos os seus eleitores têm acesso
a Internet. Neste caso, a utilização
de material impresso e do correio tradicional ainda são úteis ferramentas.
Por fim, o roteiro de
visitas é um elemento essencial na estratégia de reeleição. Como diz a
sabedoria popular “Quem não é visto, não é lembrado”. Traduzindo isso do ponto
de vista de uma estratégia para a reeleição, significa que nada substitui a
presença física do parlamentar junto aos eleitores.
Mas para que sua presença
física tenha o impacto desejado, são
necessários roteiros bem traçados e encontros bem preparados.
O planejamento do roteiro de
“visitas às bases” precisa levar em conta visitas periódicas, durante o
mandato, aos mesmos locais para que não se crie a imagem do político que só
aparece no momento de pedir voto.
Nesse sentido, as datas
comemorativas, de caráter religioso ou não, são boas oportunidades para que os
parlamentares sejam vistos. Além das datas comemorativas é importante aceitar
certos convites para festas de casamento, aniversários, pois estas sempre são
oportunidades para conversar com eleitores e pessoas que possam ser futuros
cabos eleitorais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.