Pr. Isaltino Gomes
Coelho Filho
A igreja é fascinante. Ela difere de
qualquer outra organização, por causa de seus fundamentos teológicos. Ela é “a
única instituição do mundo que existe em favor dos que não são seus membros”
(William Temple). Seu grande valor não é ela, mas seu Dono e as pessoas a quem
ela se dirige. É o seu diferencial. A igreja que vive em função de si mesma
perdeu sua substância. Aspectos culturais e sociológicos se sobrepuseram à
teologia e a diminuíram. Um exemplo é a distorção chamada koinonite,
que leva algumas a viverem em função de seus membros: “Você traz bolinho e eu
trago chá”. Elas vivem em função de comunhão. Ensimesmam-se.
A igreja nasceu na eternidade, na
mente de Deus: “Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo” (Ef 1.4).
Entrou no tempo na pessoa de Jesus. Segue na história dirigida pelo Espírito
Santo que lhe veio no dia de Pentecostes. Findos a história e o tempo, ela
entrará na eternidade. Na eternidade haverá Deus e haverá salvos. Então haverá
igreja. Nascida na eternidade, ela entrará na eternidade.
Há grupos sociais com rótulo de
igreja: Igreja do Fogo Constante, Igreja Florzinha de Jesus, Igreja Jesus Vem e
Você Fica, Igreja A Serpente de Moisés A Que Engoliu As Outras, Igreja Renovada
do Povo Barulhento, etc. São estruturados sobre um líder humano, com uma visão
parcial do evangelho. Ignoram a teologia, a história do cristianismo e pensam
que o Reino de Deus começou com elas, como se nada houvesse antes. Com visão
bíblica fragmentária e exegese precária, analisam a Revelação à luz de um insight
humano. Por vezes, o eixo de sua interpretação é uma passagem bíblica fora
do contexto. Muitas veem a razão (dom que Deus deu somente aos humanos) como
inimiga da fé. Refugiam-se num misticismo alienante e se tornam guetos
religiosos.
Mas igreja é mais que isso. É ter
visão do todo. Porque igreja é gente que conheceu a graça de Deus em Jesus,
creu nele, comprometeu-se com ele, espera nele. É “gente de toda tribo, língua,
povo e nação” (Ap 5.9). Ela transcende épocas, lugares e culturas.
A igreja local deve ser amada e
servida. Dezenas de passagens no Novo Testamento (que está sendo esquecido!)
ensinam isso. Gente que diz que é de Jesus, mas não gosta de igreja não sabe o
que diz. Exagera-se, pondo-se acima dos demais. Mas, como se diz: não está com
essa bola toda. E terá que conviver com a igreja no céu. O que dirá?
A igreja local não precisa de
apedrejadores, mas de amantes. De servidores. De gente com uma autoimagem menos
exagerada que se veja como é: pecadores salvos para servir a Deus e aos demais.
Que sejam servos e não estrelas. Vida cristã é operariado, não turismo.
Ser igreja é fantástico. É ser de
Jesus, ter rumo na vida e comprometer-se com Deus num projeto histórico. Seja
igreja!
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