A Real
Academia Sueca de Ciências anunciou nesta segunda-feira (15) os nomes de Alvin
E. Roth (Harvard) e Lloyd S. Shapley (Universidade da California em Los Angeles
- UCLA) como ganhadores do Prêmio Nobel de Economia 2012. A escolha reconhece o
trabalho de ambos "pelas teorias de alocações estáveis e modelos de
mercados" - Roth trabalhou na prática com a teoria desenvolvida por
Shapley. Os dois norte-americanosdividirão o prêmio de 8 milhões de coroas
suecas.
"O
prêmio deste ano diz respeito a um problema central da economia: como juntar
diferentes agentes da melhor forma possível. Por exemplo, estudantes precisam
de parcerias com escolas e doadores de órgãos precisam ser unidos a pacientes
que necessitam de um transplante", afirmou a Academia em comunicado à
imprensa. "Como fazer isso da forma mais eficiente possível? Que metodos
beneficiam quais grupos? O prêmio reconhece dois estudiosos que responderam
estas questões passando da teoria das alocações estáveis para a prática de
mercado".
Lloyd
Shapley nasceu em Cambridge, Massachussets, em 1923. É PhD (1953) pela
Universidade de Princeton e professor emérito da UCLA. Ele se considera um
matemático e usou a chamada teoria dos jogos cooperativos para estudar e
comparar diferentes métodos de parcerias. O fator chave era assegurar uma
parceria estável entre pessoas ou grupos em que ninguém prefere negociar ou
fazer acordos com outras pessoas que não os parceiros atuais - áreas em que as
leis de mercado não necessariamente se aplicam. Shapley e seus colegas desenvolveram
métodos específicos (em especial, o chamado algoritmo de Gale-Shapley) que
assegura uma parceria estável. O método também limita os motivos dos agentes
para manipular o processo de procura de parceiros. Shapley demonstrou como o
desenho específico de um método pode sistematicamente beneficiar um ou outro
lado do mercado.
Alvin
Roth nasceu em 1951 e é PhD (1974) pela Universidade de Stanford, na
California. É professor da Universidade de Harvard. Roth reconheceu que a
teoria de Shapley poderia esclarecer o funcionamento de importantes mercados na
prática. Numa série de estudos empíricos, Roth e seus colegas demonstraram que
a estabilidade é a chave para entender o sucesso de algumas instituições em
mercados particulares. Roth também produziu suas conclusões em exames de
laboratório. Ele ajudou a redesenhar instituições para encontrar novos médicos
para hospitais, estudantes para escolas e doadores de órgãos para pacientes em
espera. As refirmas foram baseadas no algoritmo de Gale-Shapley com modificações
que levaram em conta circunstâncias específicas e restrições éticas.
O Prêmio Nobel
O
Prêmio Nobel foi criado em 27 de novembro 1895, no testamento de Alfred Nobel,
cientista sueco que ficou muito rico com a invenção da dinamite. As áreas
premiadas eram: Física, Química, Medicina ou Fisiologia, Literatura e Paz. Os
prêmios começaram a ser entregues em 1901.
Em
respeito ao testamento de Alfred Nobel, nenhuma outra área de atuação é
acrescentada nas premiações. A única exceção foi a Economia. Isso porque em
1968 o Sverige Riksbank (Banco Central da Suécia), comemorando seu
tricentenário, instituiu o "Prêmio
Sverige Riksbank de Ciências Econômicas em memória de Alfred Nobel",
patrocinado pelo próprio banco. Por esta diferença, ele não leva o nome de
"Prêmio Nobel" em sua nomenclatura oficial, mas é anunciado e
entregue juntamente com os outros Prêmios Nobel (embora não na mesma semana),
além de ter o ganhador escolhido pela Real Academia Sueca de Ciências.
O
primeiro Prêmio Nobel de Economia foi entregue em 1969 para o norueguês Ragnar
Frisch e para o holandês Jan Tinbergen. Nesta área, a maioria dos premiados são
norte-americanos (alguns deles naturalizados). Outra curiosidade: o mais velho
ganhador de um Prêmio Nobel foi o economista Leonid Hurwicz (nascido na Rússia,
naturalizado norte-americano), aos 90 anos, em 2007. E apenas uma vez uma
mulher ganhou o Nobel de Economia: foi Elinor Ostrom, em 2009.
Além
disso, há uma tendência recente de divisão do prêmio: desde 2000, houve apenas
dois prêmios individuais: Edmund Phelps, em 2006, e Paul Krugman, em 2008. Nos
outros anos deste período os prêmios foram divididos entre dois ou mais
ganhadores.
Por Manoel Castanho (*) - Jornalista do COFECON
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