quarta-feira, 15 de março de 2017

Militantes do PPS discutem ameaças à estabilidade social a partir da obra de Cristovam Buarque

Você já ouviu falar nos "Mediterrâneos Invisíveis"? Esta metáfora, que intitula o livro recém-lançado pelo senador Cristovam Buarque, foi tema de um debate de formação política realizado no dia 11 de março pelo Diretório Estadual do PPS em parceria com a JPS. O encontro reuniu militantes do partido e contou com uma mesa formada pelo Deputado Federal Arnaldo Jordy; a Secretária Adjunta de Ciência e Tecnologia do Estado, Maria Amélia Enriquez; o professor Dr. Elson Monteiro, da UFPA; o representante da JPS, Raylson Tavares; e a representante do Diretório Estadual, Círia Pimentel. No decorrer do debate foram analisados os "muros" que excluem os pobres e aprisionam os ricos, formando uma imensa barreira geográfica que impede a migração social em todo o mundo.

Tive a honra de mediar o debate, que, sem dúvida, foi essencial para o fortalecimento da formação política em um ano que antecede as eleições. O livro nos provoca o tempo todo a tentar entender quais são os nossos "mediterrâneos invisíveis" e como construir pontes que levem a construção de uma sociedade mais justa, digna, inclusiva e igualitária. Para isto, precisamos mudar a nossa trajetória de subdesenvolvimento econômico social.



A Secretária Maria Amélia Enriquez apresentou alguns pensamentos da trajetória e do contexto político de Cristovam, destacando algumas metáforas citadas na leitura, como a "cortina de ouro", que separa os países que conseguiram um patamar de qualidade de vida, de nível de renda; o neologismo da "apartação" dos ricos e pobres; e da perspectiva intergeracional com a preocupação da integridade ecossistêmica sobre qual seria o legado da geração que adotou uma prática comprometedora de produzir e consumir. "O livro é uma síntese do pensamento crítico do Cristovam em relação à economia, à sociedade, à preocupação social e à questão dá desigualdade, que permeia toda a obra. Esses Mediterrâneos vão além da questão física, quando ele fala do oceano, do mar Mediterrâneo. Metaforicamente, eles representam o abismo imenso que separa a sociedade. A principal reflexão desse abismo é que ele é tanto a nível mundial como local. Nós temos Mediterrâneos invisíveis nos permeando no nosso bairro, na cidade e no estado como um todo. É a ameaça à estabilidade social", explicou.


Na visão histórica com leituras do socialismo, apresentada pelo professor Dr. Elson Monteiro, foi feita a constatação de que esses esses muros separam as sociedades e separam internamente uma mesma sociedade. Um dos casos em destaque no livro é o das populações populações do norte da África. E uma das cenas mais tristes decorrentes da tragédia contemporânea dos refugiados de guerra foi a morte do menino sírio Aylan Kurdi, cujas imagens correram o mundo em setembro de 2015. Na tentativa frustrada de cruzar o mar Mediterrâneo com sua família, o garoto, de apenas 3 anos, se tornou símbolo dos milhares de pessoas que buscam sobreviver. "Elas buscam atravessar o mediterrâneo e enfrentam inúmeras mortes, afogamentos, barcos afundados e explorações, tentando chegar à Europa, que fica diante do drama de receber milhões de refugiados e sobre quais privações esperar. A ideia do livro é mostrar a grande desigualdade social do mundo a partir da metáfora das imagens desses refugidos que tentam atravessar o Mediterrâneo para chegar à Europa em busca de uma vida melhor, para fugir da fome, da pobreza, da miséria e das guerras", esclareceu.


Representando a juventude do PPS, Raylson Tavares comentou sobre o aprendizado pessoal com a leitura da obra. "Enquanto juventude e sociedade, podemos fazer um mundo melhor. O livro nos traz uma abordagem da viagem à fronteira [da Turquia com a Síria], nas proximidades de Alepo, onde, até hoje, encontramos diversas cenas e fatores que fazem nosso coração chorar. Mas isso não é suficiente para transformar a sociedade. E, após levantar vários desafios e dificuldades, o autor mostra que precisamos olhar para os nossos desafios de hoje. De que forma nós cuidamos da pessoas para fazer algo diferente. A visão humanitária de Cristovam Buarque e as suas concepções políticas vêm nos ensinar a mudar a nossa forma de pensar. Não podemos culpar apenas os governantes pelos problemas, a sociedade também deve assumir a sua responsabilidade, mas não de forma isolada, de forma coletiva, rompendo os nosso muros do egoísmo, da soberba", destacou. 


A partir da alegoria do “Mediterrâneo” que interrompe jornadas de vida, Cristovam Buarque sugere que, para encontrar um progresso alternativo à divisão do mundo entre a pobreza desvalida e a riqueza indistribuível, a sociedade global deve ser educada para a tolerância e a solidariedade. Segundo o Deputado Federal Arando Jordy, esses meios para superar os desafios da atualidade foram colocados brilhantemente no livro. "O conflito distributivo no novo mundo, por exemplo, é um dos maiores problemas da atualidade. Mas há novas oportunidades de superação e elas foram destacadas pelo Cristovam. Entre vários valores necessários, uma das questões diz respeito ao meio ambiente, à sustentabilidade. É impossível tornar o mundo mais justo diante do atual modelo de produção de bens e serviços. Isso precisa ser revisto urgentemente".

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