Pr.
Isaltino Gomes Coelho Filho
Fazíamos
o culto doméstico no dia 30 de janeiro. Usamos o livrete “Presente diário”, e a
meditação era sobre Ana. Sempre lemos o texto designado, os textos auxiliares,
e a meditação, antes de orarmos. Depois que li a oração de Ana (1Sm 1.9-18),
Meacir disse que sempre se sentiu atraída pela resposta de Ana a Eli, quando
este a julgou embriagada e a repreendeu. Ao invés de reagir com dureza (“Tá
pensando o quê?” ou “Me respeita!”), ela, com humildade, falou a Eli sobre sua
aflição. Eli ficou tão desarmado que a abençoou. E Ana ainda saiu agradecendo.
Não
é sem razão que ela deu ao mundo um filho como Samuel. Mesmo vendo-o
anualmente, apenas, ela o marcou. O perfil de Ana é encantador. Que modelo de
caráter e de atitudes! Hoje há poucos crentes como Ana e muitos como Nabal, o
grosseiro marido de Abigail, que morreu de ataque cardíaco (1Sm 25.36-37),
depois de uma crise de grosseria e de, coloquialmente, “encher a cara”. Gente
como Nabal, quando não mata com suas palavras, morre por elas.
Há
muito bateu-levou em nosso meio. Como pastor, por vezes, tenho que conversar
com pessoas e corrigi-las. Algumas agem como Ana. Uma parte fica como Nabal.
Furiosa. Infelizmente, há mais crentes como Nabal que como Ana. Ela agiu com
uma brandura (tinha razões para estrilar com Eli) que desarmou o sacerdote. Não
é preciso ser rude quando se está certo. O pior são os que agem erradamente
(alguns até anunciam isso) e se zangam se corrigidos: “Ninguém tem nada com a minha
vida!”. Então não alardeie seu mau testemunho nem o poste no Face. Jesus foi
duro com os que causam escândalos: “Ai do homem pelo qual vem o escândalo” (Mt
18.7).
Vivemos
numa época em que as pessoas fogem de correção. Querem promessas. Afago no ego.
Abisma-me ver o esforço de tantos por aplausos e sua busca de espaço nas
comunidades cristãs. Querem ser admirados. Em uma igreja, uma solista se zangou
porque o atual pastor não elogiava sua maviosa voz como o pastor anterior
fazia, quando ela cantava.
O
texto que lemos tratava da confiança em Deus, sem amargura. Mas vi outro
ângulo: a classe de Ana em sua resposta. Uma mulher espiritual. Educada. Fina.
Sabia como responder.
Passei
o dia pensando na observação que Meacir fez. Sei que não foi indireta dela. Ela
é tão Ana que nunca seria indelicada mesmo que obliquamente. Mas pedi a Deus
que me torne uma pessoa como Ana, e não como Nabal.
Um
cristão deve pedir sempre a Deus que dome seu temperamento e suas palavras. O
mundo em geral e a igreja em particular precisam mais de pessoas com o jeito de
Ana que de pessoas como Nabal e os filhos de Zebedeu que queriam fogo do céu
para destruir os oponentes.
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